O baobá é uma árvore de grande porte, proveniente das estepes africanas e regiões semi-áridas de Madagascar, estando presente, ainda, no continente australiano. Essa planta foi amplamente divulgada no século XX, através da obra O Pequeno Príncipe, do escritor francês Antoine de Saint-Exupery. Seu personagem principal se preocupava com o crescimento excessivo do baobá, temendo que ele tomasse todo o espaço existente em seu asteróide.
O baobá possui um tronco muito espesso na base, chegando a atingir nove metros de diâmetro. O seu tronco é peculiar: vai se estreitando em forma de cone e evidenciando grandes protuberâncias. As folhas brotam entre os meses de julho e janeiro, mas, se a árvore conseguir ficar umedecida, elas podem se manter firmes durante todo o ano. Em geral, o baobá floresce durante uma única noite, apenas, e isto ocorre no período de maio a agosto. Durante as poucas horas em que as flores permanecem abertas, os consumidores de néctares noturnos – particularmente, os morcegos -, asseguram a polinização da planta.
Esse colosso vegetal pode atingir trinta metros de altura e possui a capacidade de armazenar, em seu caule gigante, até 120.000 litros de água. Por tal razão é denominada "árvore garrafa". No Senegal, o baobá é sagrado, sendo utilizado como fonte de inspiração para lendas, ritos e poesias. Segundo uma antiga lenda africana, se um morto for sepultado dentro de um baobá, sua alma irá viver enquanto a planta existir. E o baobá tem uma vida muito longa: vive entre um e seis mil anos. Em se tratando das espécies vegetais, somente a seqüoia - uma conífera de grande porte, originária da Califórnia (EUA), que chega a medir doze metros de diâmetro, alcançar uma altura de cento e cinqüenta metros e viver mais de quatro mil anos -, e o cedro japonês - uma outra conífera do gênero - podem competir com a longevidade do baobá.
Essa árvore mítica e solitária da savana africana faz parte da família das bombacáceas (palavra derivada de bomba, uma linguagem falada e oficializada na Guiné Equatorial). Esse nome, contudo, muda de acordo com a língua de cada país. Em Angola e Moçambique, o baobá se chama imbondeiro; e, na Guiné-Bissau, denomina-se pólon.
Em 1444, conduzidos por Gomes Piers, os navegantes portugueses chegaram à ilha africana de Gorée (pertencente hoje ao Senegal) e permaneceram no local até 1595, período em que a ilha se tornou propriedade dos holandeses. Os navegantes registraram que, lá, ainda se podia apreciar o brasão de Dom Henrique gravado em árvores. Por sua vez, na metade do século XV, o cronista Gomes de Eanes Zurara assim descreveu as árvores encontradas, na obra Chronica dos Feitos de Guiné (Lisboa, 1453):
Árvores muito grandes e de aparência estranha; entre elas, algumas tinham desenvolvido um cinturão de 108 palmos a seu pé (ao redor 25 metros). O tronco de um baobá não mais alto do que o tronco de uma árvore de noz; rende uma fibra forte usada para cordas e pano; queima da mesma maneira como linho. Tem um grande fruta lenhosa como abóbora cujas sementes são do tamanho de avelãs; pessoas locais comem a fruta quando verde, secam as sementes e armazenam uma grande quantidade delas.
Antes do Descobrimento, o baobá não pertencia à flora brasileira. A hipótese mais plausível, visando explicar a sua existência em Pernambuco, é a de que tenha sido trazido no século XVII, pelo conde Maurício de Nassau, durante a ocupação holandesa, para fazer parte de seu jardim botânico privado (que foi construído próximo à atual Praça da República). Uma segunda versão, porém, credita a presença do baobá às aves migratórias, que teriam trazido consigo as suas sementes. E Câmara Cascudo considerou uma terceira possibilidade: a de que os sacerdotes africanos trouxeram as sementes da África e plantaram-nas em locais específicos, no país, para o culto de suas religiões. Vale lembrar que os praticantes do candomblé consideram o baobá uma árvore sagrada, e dizem que não se deve cortá-la ou arrancá-la.
Em 1749, o pesquisador francês Michel Adanson, voltando da viagem para São-Louis, no Senegal, elaborou desenhos e descreveu o seguinte, em seus registros:
Chamou-me à atenção uma árvore cujo tamanho era incrível. Era uma árvore que tinha frutos com formatos de abóboras, de nome "pão de macaco" no qual os Wolots diziam ”goui” no idioma deles. Provavelmente a árvore mais útil em toda a África... a árvore universal para os nativos.
A partir de então, os pesquisadores Bernard de Jussieu e Charles de Linné creditaram, para Michel Adanson, o nome científico do baobá, chamando-o Adansona digitata. E, na França, desde 1791, a Enciclopédia de Diderot e d'Alembert adotou essa denominação. Até o presente, já foram classificadas oito espécies de baobás, porém, a maior parte deles, se encontra em Madagascar. Os baobás classificados foram os seguintes:
Adansonia digitata - (na África Central & no Sul da África)
Adansonia grandidieri - (em Madagascar)
Adansonia gregorii (ou Adansonia gibbosa) (no Nordeste da Austrália)
Adansonia madagascariensis - (em Madagascar)
Adansonia perrieri - (em Madagascar)
Adansonia rubrostipa (ou Adansonia fony) - (em Madagascar)
Adansonia suarezensis - (em Madagascar)
Adansonia za - (em Madagascar).
Datado de 1853, existe um outro registro, no continente africano, sobre a presença do baobá. Sobre a legendária árvore, observando-a na região de Mbour, o padre David Boilat escreveu:
[...] as árvores são surpreendentemente grandes e muito numerosas: Eu medi algumas e o cinturão era de 60 a 90 pés (20 a 30 metros). Não só é esta árvore útil para os nativos, também é essencial, eles não sobreviveriam sem ela. Com suas folhas secadas, eles fazem um pouco de pó que eles chamam de lalo o qual eles misturam o "kouskous". Eles usam as raízes como um purgante; eles bebem chá quente que curam doenças torácicas. A fruta chamada “o pão de macaco” é usada para coalhar leite e também é servida com a comida que eles chamam de “lack” ou “sangle" [...]. Esta árvore às vezes é escavada para formar casas [...]
O padre declarou, ainda, ter conhecido um baobá, na África, cujo tronco era realmente enorme, atingindo vinte e seis metros de diâmetro. Nele, havia dois quartos, que eram usados por uma família como casa e loja. Cabe observar que, em Kimberleys, uma área da Austrália Ocidental, há registros de prisioneiros encarcerados dentro de troncos de baobás.
Todos os elementos dessa árvore são úteis para a sobrevivência do ser humano e representam, também, uma fonte preciosa de medicamentos. O pó originado de suas folhas secas, trituradas, tem sido usado para combater anemia, raquitismo, diarréia, reumatismo e asma. As folhas são utilizadas, ainda, como alimentos. Por serem ricas em cálcio, ferro, proteínas e lipídios, elas são trituradas e misturadas em sopas, ou adicionadas a cereais, para enriquecer a alimentação das crianças. Esse pó, inclusive, misturado com água, transforma-se em uma bebida parecida com o leite de coco. As raízes das mudas de baobás, quando são devidamente cozidas, tornam-se similares ao aspargo. As sementes, repletas de óleo vegetal, são assadas e consumidas. A polpa branca e as fibras de seus frutos contêm um alto teor de vitamina C e servem para combater a febre, a malária, o sarampo e a catapora, além de inflamações no tubo digestivo. Os aborígenes costumam comer as frutas dos baobás e usam suas folhas como plantas medicinais.
No que diz respeito à construção civil e à carpintaria, o baobá só é utilizado quando não há outro material disponível. Contudo, em certas regiões, as pessoas escavam o seu tronco e utilizam-no como cisterna comunitária. A madeira do baobá serve para fabricar instrumentos musicais e, o seu cerne, rende uma fibra tão forte, que é usada na fabricação de cordas e linhas. As conchas dos seus frutos são aproveitadas como tigelas.
Na capital de Pernambuco, os raros baobás que resistiram ao desmatamento e à depredação ambientais, foram tombados pela Prefeitura da Cidade e pelo Ibama, em 1986. No Recife, essas árvores podem ser apreciadas na Praça da República (em frente ao Palácio do Governo); na Praça da Sudene (no bairro de Santo Amaro); na rua Coronel Urbano Ribeiro Sena (no bairro do Fundão); na rua Madre Loiola (em Ponte d’Uchôa); e no Poço da Panela (nos terrenos limítrofes de duas casas que se situam, respectivamente, nas ruas Professor Edgar Altino e Bandeira de Melo).
Fora da Região Metropolitana do Recife, também são poucos os baobás que escaparam da destruição. Contados nos dedos, eles podem ser observados no Engenho Poço Comprido (em Vicência); na área do Complexo Portuário de Suape (no município do Cabo); na Usina Ariepibu (em Ribeirão); no Sítio Capivarinha (em Sanharó); na Fazenda Pitombeiras (em Serra Talhada); no município de Tacaratu; na praia de Porto de Galinhas e na Vila de Nossa Senhora do Ó (ambos no município de Ipojuca). Nessa Vila, existe um baobá com quinze metros de diâmetro e mais de trezentos e cinqüenta anos de existência.
Fontes consultadas:
O baobá possui um tronco muito espesso na base, chegando a atingir nove metros de diâmetro. O seu tronco é peculiar: vai se estreitando em forma de cone e evidenciando grandes protuberâncias. As folhas brotam entre os meses de julho e janeiro, mas, se a árvore conseguir ficar umedecida, elas podem se manter firmes durante todo o ano. Em geral, o baobá floresce durante uma única noite, apenas, e isto ocorre no período de maio a agosto. Durante as poucas horas em que as flores permanecem abertas, os consumidores de néctares noturnos – particularmente, os morcegos -, asseguram a polinização da planta.
Esse colosso vegetal pode atingir trinta metros de altura e possui a capacidade de armazenar, em seu caule gigante, até 120.000 litros de água. Por tal razão é denominada "árvore garrafa". No Senegal, o baobá é sagrado, sendo utilizado como fonte de inspiração para lendas, ritos e poesias. Segundo uma antiga lenda africana, se um morto for sepultado dentro de um baobá, sua alma irá viver enquanto a planta existir. E o baobá tem uma vida muito longa: vive entre um e seis mil anos. Em se tratando das espécies vegetais, somente a seqüoia - uma conífera de grande porte, originária da Califórnia (EUA), que chega a medir doze metros de diâmetro, alcançar uma altura de cento e cinqüenta metros e viver mais de quatro mil anos -, e o cedro japonês - uma outra conífera do gênero - podem competir com a longevidade do baobá.
Essa árvore mítica e solitária da savana africana faz parte da família das bombacáceas (palavra derivada de bomba, uma linguagem falada e oficializada na Guiné Equatorial). Esse nome, contudo, muda de acordo com a língua de cada país. Em Angola e Moçambique, o baobá se chama imbondeiro; e, na Guiné-Bissau, denomina-se pólon.
Em 1444, conduzidos por Gomes Piers, os navegantes portugueses chegaram à ilha africana de Gorée (pertencente hoje ao Senegal) e permaneceram no local até 1595, período em que a ilha se tornou propriedade dos holandeses. Os navegantes registraram que, lá, ainda se podia apreciar o brasão de Dom Henrique gravado em árvores. Por sua vez, na metade do século XV, o cronista Gomes de Eanes Zurara assim descreveu as árvores encontradas, na obra Chronica dos Feitos de Guiné (Lisboa, 1453):
Árvores muito grandes e de aparência estranha; entre elas, algumas tinham desenvolvido um cinturão de 108 palmos a seu pé (ao redor 25 metros). O tronco de um baobá não mais alto do que o tronco de uma árvore de noz; rende uma fibra forte usada para cordas e pano; queima da mesma maneira como linho. Tem um grande fruta lenhosa como abóbora cujas sementes são do tamanho de avelãs; pessoas locais comem a fruta quando verde, secam as sementes e armazenam uma grande quantidade delas.
Antes do Descobrimento, o baobá não pertencia à flora brasileira. A hipótese mais plausível, visando explicar a sua existência em Pernambuco, é a de que tenha sido trazido no século XVII, pelo conde Maurício de Nassau, durante a ocupação holandesa, para fazer parte de seu jardim botânico privado (que foi construído próximo à atual Praça da República). Uma segunda versão, porém, credita a presença do baobá às aves migratórias, que teriam trazido consigo as suas sementes. E Câmara Cascudo considerou uma terceira possibilidade: a de que os sacerdotes africanos trouxeram as sementes da África e plantaram-nas em locais específicos, no país, para o culto de suas religiões. Vale lembrar que os praticantes do candomblé consideram o baobá uma árvore sagrada, e dizem que não se deve cortá-la ou arrancá-la.
Em 1749, o pesquisador francês Michel Adanson, voltando da viagem para São-Louis, no Senegal, elaborou desenhos e descreveu o seguinte, em seus registros:
Chamou-me à atenção uma árvore cujo tamanho era incrível. Era uma árvore que tinha frutos com formatos de abóboras, de nome "pão de macaco" no qual os Wolots diziam ”goui” no idioma deles. Provavelmente a árvore mais útil em toda a África... a árvore universal para os nativos.
A partir de então, os pesquisadores Bernard de Jussieu e Charles de Linné creditaram, para Michel Adanson, o nome científico do baobá, chamando-o Adansona digitata. E, na França, desde 1791, a Enciclopédia de Diderot e d'Alembert adotou essa denominação. Até o presente, já foram classificadas oito espécies de baobás, porém, a maior parte deles, se encontra em Madagascar. Os baobás classificados foram os seguintes:
Adansonia digitata - (na África Central & no Sul da África)
Adansonia grandidieri - (em Madagascar)
Adansonia gregorii (ou Adansonia gibbosa) (no Nordeste da Austrália)
Adansonia madagascariensis - (em Madagascar)
Adansonia perrieri - (em Madagascar)
Adansonia rubrostipa (ou Adansonia fony) - (em Madagascar)
Adansonia suarezensis - (em Madagascar)
Adansonia za - (em Madagascar).
Datado de 1853, existe um outro registro, no continente africano, sobre a presença do baobá. Sobre a legendária árvore, observando-a na região de Mbour, o padre David Boilat escreveu:
[...] as árvores são surpreendentemente grandes e muito numerosas: Eu medi algumas e o cinturão era de 60 a 90 pés (20 a 30 metros). Não só é esta árvore útil para os nativos, também é essencial, eles não sobreviveriam sem ela. Com suas folhas secadas, eles fazem um pouco de pó que eles chamam de lalo o qual eles misturam o "kouskous". Eles usam as raízes como um purgante; eles bebem chá quente que curam doenças torácicas. A fruta chamada “o pão de macaco” é usada para coalhar leite e também é servida com a comida que eles chamam de “lack” ou “sangle" [...]. Esta árvore às vezes é escavada para formar casas [...]
O padre declarou, ainda, ter conhecido um baobá, na África, cujo tronco era realmente enorme, atingindo vinte e seis metros de diâmetro. Nele, havia dois quartos, que eram usados por uma família como casa e loja. Cabe observar que, em Kimberleys, uma área da Austrália Ocidental, há registros de prisioneiros encarcerados dentro de troncos de baobás.
Todos os elementos dessa árvore são úteis para a sobrevivência do ser humano e representam, também, uma fonte preciosa de medicamentos. O pó originado de suas folhas secas, trituradas, tem sido usado para combater anemia, raquitismo, diarréia, reumatismo e asma. As folhas são utilizadas, ainda, como alimentos. Por serem ricas em cálcio, ferro, proteínas e lipídios, elas são trituradas e misturadas em sopas, ou adicionadas a cereais, para enriquecer a alimentação das crianças. Esse pó, inclusive, misturado com água, transforma-se em uma bebida parecida com o leite de coco. As raízes das mudas de baobás, quando são devidamente cozidas, tornam-se similares ao aspargo. As sementes, repletas de óleo vegetal, são assadas e consumidas. A polpa branca e as fibras de seus frutos contêm um alto teor de vitamina C e servem para combater a febre, a malária, o sarampo e a catapora, além de inflamações no tubo digestivo. Os aborígenes costumam comer as frutas dos baobás e usam suas folhas como plantas medicinais.
No que diz respeito à construção civil e à carpintaria, o baobá só é utilizado quando não há outro material disponível. Contudo, em certas regiões, as pessoas escavam o seu tronco e utilizam-no como cisterna comunitária. A madeira do baobá serve para fabricar instrumentos musicais e, o seu cerne, rende uma fibra tão forte, que é usada na fabricação de cordas e linhas. As conchas dos seus frutos são aproveitadas como tigelas.
Na capital de Pernambuco, os raros baobás que resistiram ao desmatamento e à depredação ambientais, foram tombados pela Prefeitura da Cidade e pelo Ibama, em 1986. No Recife, essas árvores podem ser apreciadas na Praça da República (em frente ao Palácio do Governo); na Praça da Sudene (no bairro de Santo Amaro); na rua Coronel Urbano Ribeiro Sena (no bairro do Fundão); na rua Madre Loiola (em Ponte d’Uchôa); e no Poço da Panela (nos terrenos limítrofes de duas casas que se situam, respectivamente, nas ruas Professor Edgar Altino e Bandeira de Melo).
Fora da Região Metropolitana do Recife, também são poucos os baobás que escaparam da destruição. Contados nos dedos, eles podem ser observados no Engenho Poço Comprido (em Vicência); na área do Complexo Portuário de Suape (no município do Cabo); na Usina Ariepibu (em Ribeirão); no Sítio Capivarinha (em Sanharó); na Fazenda Pitombeiras (em Serra Talhada); no município de Tacaratu; na praia de Porto de Galinhas e na Vila de Nossa Senhora do Ó (ambos no município de Ipojuca). Nessa Vila, existe um baobá com quinze metros de diâmetro e mais de trezentos e cinqüenta anos de existência.
Fontes consultadas:
BAOBÁ. Disponível em:
BAOBÁ - árvore mítica. Disponível em:
<
http://www.geocities.com/baobapt/arvore.htm> Acesso em: 14 out. 2003. NO encanto dos baobás. Continente Multicultural, Recife. Disponível em:
<
http://www.continentemulticultural.com.br/revista999/materia.asp?m=CIDADES&s=2> Acesso em: 15 out. 2003.FRANCA, Rubem. Monumentos do Recife. Recife: Secretaria de Educação e Cultura, 1977.
O baobá - bonsai na internet. Disponível em:
<
http://bonsainet.tripod.com/baoba.htm> Acesso em: 15 out. 2003.
Nenhum comentário:
Postar um comentário