CEMITÉRIO DOS JUDEUS
Semira Adler Vainsencher
semiraadler@gmail.com
Pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco
Semira Adler Vainsencher
semiraadler@gmail.com
Pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco
Durante o século XVI, as cidades Recife e Olinda receberam muitos imigrantes judeus oriundos da Península Ibérica, que fugiam das perseguições e fogueiras da Inquisição. Desconhece-se o tamanho exato da população judaica em Pernambuco após o Descobrimento, porém, os pesquisadores estimam que tenham vivido no Recife cerca de trezentos judeus, durante o domínio holandês. É do conhecimento de todos o fato de que os portugueses Duarte Coelho Pereira (donatário da Capitania de Pernambuco), Gaspar da Gama (intérprete da armada de Pedro Álvares Cabral), Bento Teixeira (poeta), Fernando de Noronha, João Ramalho, entre tantos outros, eram cristãos-novos - judeus convertidos ao catolicismo para escapar da Inquisição – e que a Capitania de Pernambuco foi povoada por muitos judeus oriundos da Península Ibérica.
A invasão holandesa (1630-1654) e os sete anos de governo do conde Maurício de Nassau (1637-1644), chamado Maurits de Braziliaan, deixaram a memória de uma época de ouro, até hoje reconhecida no país. Naquele governo, os judeus vivenciaram uma liberdade religiosa sem precedentes, e puderam seguir os seus costumes e tradições; os papistas, os calvinistas e os judeus conviveram e produziram em plena harmonia; e foi estabelecida uma trégua na guerrilha dos luso-brasileiros, criando-se uma civilização inédita nos trópicos. Nassau preocupou-se, também, em manter uma convivência pacífica com os habitantes locais, inclusive, e, sobretudo, com os senhores de engenho.
Beneficiada por todos esses aspectos, a cidade Maurícia (Mauritstad ou Mauritiopolis, atual cidade do Recife) adquiriu uma dimensão e um brilho jamais imaginados nas Américas. Tudo isso representou, sem dúvida alguma, o maior contraste com a intolerância e a crueldade dos calvinistas e da Inquisição. O Tribunal do Santo Ofício que, sob a acusação de traição, heresia, bruxaria e impureza de sangue, torturava, perseguia, se apropriava dos bens e queimava vivos todos os judeus que não se convertessem ao catolicismo, como também os cristãos-novos, suspeitos de seguirem a religião judaica; e, os calvinistas, que, em 1631, entre outros, incendiaram a bela e próspera vila de Olinda, alegando que lá havia um excesso de igrejas católicas (Vainsencher, 2007).
Naquele período foi construída a Sinagoga Kahal Zur Israel, situada na rua do Bom Jesus, antiga rua dos Judeus, no bairro do Recife, o primeiro templo israelita que foi construído em Pernambuco. Dessa mesma época, data o primeiro Cemitério Judeu, que foi assinalado em vários mapas antigos no Sítio dos Coelhos, no bairro da Boa Vista, pelo historiador José Antonio Gonsalves de Mello. Partindo dessas informações, e sobrepondo os mapas antigos aos mapas mais recentes, o arquiteto Mota Menezes apontou, com relativa precisão, a área onde o cemitério existiu. Após anos de estudos e muitas visitas aos sítios descampados, os pesquisadores Mota Menezes e José Alexandre Ribemboim chegaram à seguinte conclusão: o primeiro Cemitério dos Judeus está situado nos fundos de duas instituições religiosas existentes na rua da Glória - o Recolhimento de Nossa Senhora da Glória e o Dispensário Santo Antônio – bem como nos fundos de uma empresa privada - o Armazém de Madeira de Amadeu Barbosa. Na confluência daquelas áreas foi possível delimitar três retângulos onde devem se processar as prospecções arqueológicas (Ribemboim; Mota Menezes, 2005).
Na 2ª. Guerra Mundial (1938-1945), seis milhões de judeus foram assassinados pela Alemanha nazista, em uma guerra de extermínio denominada Holocausto. Devido ao forte anti-semitismo, milhares de hebreus, oriundos da Europa Oriental - Polônia, Romênia, Áustria, Alemanha e Rússia – buscaram um refúgio bem longe dos campos de concentração e câmaras de gás.
Passados três séculos sem que houvesse uma imigração significativa, Pernambuco, mais uma vez, representou um importante pólo de atração para a população judaica. Ao chegarem no Estado, os imigrantes construíram escolas, sinagogas e clubes, visando manterem seus costumes e tradições. Também foi adquirido um cemitério, para sepultarem os mortos de acordo com os preceitos da religião mosaica. Este segundo Cemitério Israelita (em Pernambuco) está situado próximo à Igreja do Barro, e ao lado do Cemitério Paroquial do Barro, na Área Metropolitana do Recife. Ele foi fundado no dia 5 de abril de 1927, porém sua inauguração só ocorreu no dia 2 de junho de 1927. Antes desta data, os judeus eram enterrados no Cemitério de Santo Amaro.
No entanto, quando o Cemitério Israelita passou a funcionar, os restos mortais daqueles hebreus foram transportados para lá. Isso ocorreu em caráter de exceção, porque a retirada dos ossos, muito comum em sepulturas não-judias, não é permitida pela religião judaica. Somente em casos excepcionais é que os túmulos são abertos e, os ossos, retirados.
No Cemitério Israelita observam-se dois tradicionais símbolos judaicos: a estrela de Davi e o candelabro de sete bocas. Um pouco afastada da entrada, vê-se uma pequena construção de alvenaria, pintada de branco por dentro e por fora, e com dois lados abertos. Na parede, encontra-se uma placa de mármore contendo a Estrela de Davi e alguns dizeres em hebraico. Essa pequena capela funcionou como velório durante quase meio século, mas, devido ao crescimento da comunidade judaica, tornou-se necessária a presença de outro, bem maior e mais confortável.
A construção do segundo velório, em 1971, deveu-se à valiosa colaboração de algumas pessoas da comunidade judaica, entre as quais se destacaram Abrahão Rissin (na época, presidente do Departamento Religioso do Centro Israelita de Pernambuco) e Aron Rosenblatt (tesoureiro do Departamento), que empreenderam, em primeiro lugar, uma campanha para arrecadar doações. O projeto arquitetônico, por outro lado, foi feito por Alex Lomachinsky; o cálculo estrutural, por Meyer Mesel; e a construção, propriamente dita, ficou sob a responsabilidade de Germano Schnaider e Gerson Rissin.
Na entrada do velório encontra-se uma caixa de madeira com kipot – solidéus. Os homens, de acordo com a religião judaica, antes de entrar no cemitério, precisam cobrir a cabeça com uma kipá. Esta é uma das mais antigas tradições e remete à época em que os hebreus viviam na Babilônia. Cobrir a cabeça representa uma atitude mais piedosa – midat chassidut – é uma atitude de respeito a D’us, para as pessoas lembrarem que D’us está acima tudo e de todos. As mulheres, por sua vez, devem cobrir a cabeça com um lenço ou um xale.
No velório, observa-se uma bancada de alvenaria, coberta com uma pedra de mármore, com cerca de um metro de altura do piso. Esta bancada serve de suporte para o caixão e, acima dela, um pouco antes do teto, vê-se uma grande estrela de Davi em metal. Acima da estrela, no telhado propriamente dito, pode-se ver um círculo com telhas transparentes, que permite uma maior entrada de luz sobre a bancada. Também em alvenaria, foram construídos dois grandes bancos, em forma de meia lua. E, em uma das paredes, há um quadro com o nome das pessoas que faleceram (em ordem alfabética), o número das ruas onde estão sepultadas, e os números de suas tumbas. Quem consultar esse quadro, encontra facilmente a localização dos túmulos.
No velório, existe um espaço reservado ao cerimonial fúnebre. Ali, as paredes são cobertas por azulejos brancos, observa-se uma bancada de alvenaria de formato octogonal, para apoiar o caixão, e um lavatório. O cerimonial é realizado pela Chevra Kadisha – a Comissão Fúnebre – que prepara o morto para ser enterrado. Isto é feito com total privacidade (com as portas fechadas) em sinal de respeito ao morto. Se o falecido for do sexo masculino, somente os homens da Chevra Kadisha podem preparar seu corpo para o sepultamento; e, caso seja uma mulher, não é permitida a entrada de homens no recinto.
Na parede do velório estão fixadas duas placas. Na primeira, lê-se:
CEMITÉRIO DO BARRO CONSTRUÍDO SOB O PATROCÍNIO DO CENTRO ISRAELITA DE PERNAMBUCO
FUNDADO EM 5-4-1927
INAUGURADO EM 2-6-1927
COM A DIRETORIA COMPOSTA DE
ESTANISLAU DIMENSTEIN VICE*
GEORGE RABIN TESOUREIRO
ISAAC COHAN 1º SECRETÁRIO
BERNARDO KELNER 2º *
COMISSÃO FISCAL
LUIZ ADLER
LEÃO CHERPAK
GREGÓRIO OSTROVSKY
ALBERTO VIEN
ELIAS FOIGUEL
SIGYSMUNDO VEBER
E, na outra placa, está registrado o seguinte:
ESTE EDIFÍCIO FOI DOADO PELO SNR. LEÃO CHERPAK PARA SERVIR DE NECROTÉRIO AO CEMITÉRIO ISRAELITA DO BARRO
FUNDADO EM 5-4-1927
INAUGURADO EM 2-6-1927
SOB O PATROCÍNIO DO CENTRO ISRAELITA DE PERNAMBUCO
No espaço designado aos sepultamentos, por tradição, os judeus europeus costumam separar os homens de um lado e, as mulheres, de outro. Esta divisão foi respeitada, no Cemitério Israelita (do Barro), até o dia em que se esgotaram as áreas reservadas aos homens. Diante disso, a comunidade judaica passou a enterrar mulheres e homens, lado a lado, até não haver, na prática, mais espaços no cemitério. É necessário esclarecer um ponto importante. Há muitos anos, foram comprados, por pessoas da comunidade judaica, os últimos espaços disponíveis, uma vez que elas fazem questão de ser enterradas no mesmo cemitério que seus familiares. Este é o motivo pelo qual ainda se pode ver uma meia dúzia de espaços reservados.
Bem antes de o cemitério ficar lotado, no entanto, a Federação Israelita de Pernambuco solicitou à Prefeitura do Recife a indicação de uma área para a instalação de outro cemitério. Neste sentido, a Prefeitura disponibilizou um terreno relativamente próximo ao Cemitério Parque das Flores, no bairro do Curado, no município de Jaboatão dos Guararapes. Lá foi construído o velório do terceiro cemitério hebreu em Pernambuco: o Cemitério Israelita (do Parque das Flores).
Fontes consultadas:
A invasão holandesa (1630-1654) e os sete anos de governo do conde Maurício de Nassau (1637-1644), chamado Maurits de Braziliaan, deixaram a memória de uma época de ouro, até hoje reconhecida no país. Naquele governo, os judeus vivenciaram uma liberdade religiosa sem precedentes, e puderam seguir os seus costumes e tradições; os papistas, os calvinistas e os judeus conviveram e produziram em plena harmonia; e foi estabelecida uma trégua na guerrilha dos luso-brasileiros, criando-se uma civilização inédita nos trópicos. Nassau preocupou-se, também, em manter uma convivência pacífica com os habitantes locais, inclusive, e, sobretudo, com os senhores de engenho.
Beneficiada por todos esses aspectos, a cidade Maurícia (Mauritstad ou Mauritiopolis, atual cidade do Recife) adquiriu uma dimensão e um brilho jamais imaginados nas Américas. Tudo isso representou, sem dúvida alguma, o maior contraste com a intolerância e a crueldade dos calvinistas e da Inquisição. O Tribunal do Santo Ofício que, sob a acusação de traição, heresia, bruxaria e impureza de sangue, torturava, perseguia, se apropriava dos bens e queimava vivos todos os judeus que não se convertessem ao catolicismo, como também os cristãos-novos, suspeitos de seguirem a religião judaica; e, os calvinistas, que, em 1631, entre outros, incendiaram a bela e próspera vila de Olinda, alegando que lá havia um excesso de igrejas católicas (Vainsencher, 2007).
Naquele período foi construída a Sinagoga Kahal Zur Israel, situada na rua do Bom Jesus, antiga rua dos Judeus, no bairro do Recife, o primeiro templo israelita que foi construído em Pernambuco. Dessa mesma época, data o primeiro Cemitério Judeu, que foi assinalado em vários mapas antigos no Sítio dos Coelhos, no bairro da Boa Vista, pelo historiador José Antonio Gonsalves de Mello. Partindo dessas informações, e sobrepondo os mapas antigos aos mapas mais recentes, o arquiteto Mota Menezes apontou, com relativa precisão, a área onde o cemitério existiu. Após anos de estudos e muitas visitas aos sítios descampados, os pesquisadores Mota Menezes e José Alexandre Ribemboim chegaram à seguinte conclusão: o primeiro Cemitério dos Judeus está situado nos fundos de duas instituições religiosas existentes na rua da Glória - o Recolhimento de Nossa Senhora da Glória e o Dispensário Santo Antônio – bem como nos fundos de uma empresa privada - o Armazém de Madeira de Amadeu Barbosa. Na confluência daquelas áreas foi possível delimitar três retângulos onde devem se processar as prospecções arqueológicas (Ribemboim; Mota Menezes, 2005).
Na 2ª. Guerra Mundial (1938-1945), seis milhões de judeus foram assassinados pela Alemanha nazista, em uma guerra de extermínio denominada Holocausto. Devido ao forte anti-semitismo, milhares de hebreus, oriundos da Europa Oriental - Polônia, Romênia, Áustria, Alemanha e Rússia – buscaram um refúgio bem longe dos campos de concentração e câmaras de gás.
Passados três séculos sem que houvesse uma imigração significativa, Pernambuco, mais uma vez, representou um importante pólo de atração para a população judaica. Ao chegarem no Estado, os imigrantes construíram escolas, sinagogas e clubes, visando manterem seus costumes e tradições. Também foi adquirido um cemitério, para sepultarem os mortos de acordo com os preceitos da religião mosaica. Este segundo Cemitério Israelita (em Pernambuco) está situado próximo à Igreja do Barro, e ao lado do Cemitério Paroquial do Barro, na Área Metropolitana do Recife. Ele foi fundado no dia 5 de abril de 1927, porém sua inauguração só ocorreu no dia 2 de junho de 1927. Antes desta data, os judeus eram enterrados no Cemitério de Santo Amaro.
No entanto, quando o Cemitério Israelita passou a funcionar, os restos mortais daqueles hebreus foram transportados para lá. Isso ocorreu em caráter de exceção, porque a retirada dos ossos, muito comum em sepulturas não-judias, não é permitida pela religião judaica. Somente em casos excepcionais é que os túmulos são abertos e, os ossos, retirados.
No Cemitério Israelita observam-se dois tradicionais símbolos judaicos: a estrela de Davi e o candelabro de sete bocas. Um pouco afastada da entrada, vê-se uma pequena construção de alvenaria, pintada de branco por dentro e por fora, e com dois lados abertos. Na parede, encontra-se uma placa de mármore contendo a Estrela de Davi e alguns dizeres em hebraico. Essa pequena capela funcionou como velório durante quase meio século, mas, devido ao crescimento da comunidade judaica, tornou-se necessária a presença de outro, bem maior e mais confortável.
A construção do segundo velório, em 1971, deveu-se à valiosa colaboração de algumas pessoas da comunidade judaica, entre as quais se destacaram Abrahão Rissin (na época, presidente do Departamento Religioso do Centro Israelita de Pernambuco) e Aron Rosenblatt (tesoureiro do Departamento), que empreenderam, em primeiro lugar, uma campanha para arrecadar doações. O projeto arquitetônico, por outro lado, foi feito por Alex Lomachinsky; o cálculo estrutural, por Meyer Mesel; e a construção, propriamente dita, ficou sob a responsabilidade de Germano Schnaider e Gerson Rissin.
Na entrada do velório encontra-se uma caixa de madeira com kipot – solidéus. Os homens, de acordo com a religião judaica, antes de entrar no cemitério, precisam cobrir a cabeça com uma kipá. Esta é uma das mais antigas tradições e remete à época em que os hebreus viviam na Babilônia. Cobrir a cabeça representa uma atitude mais piedosa – midat chassidut – é uma atitude de respeito a D’us, para as pessoas lembrarem que D’us está acima tudo e de todos. As mulheres, por sua vez, devem cobrir a cabeça com um lenço ou um xale.
No velório, observa-se uma bancada de alvenaria, coberta com uma pedra de mármore, com cerca de um metro de altura do piso. Esta bancada serve de suporte para o caixão e, acima dela, um pouco antes do teto, vê-se uma grande estrela de Davi em metal. Acima da estrela, no telhado propriamente dito, pode-se ver um círculo com telhas transparentes, que permite uma maior entrada de luz sobre a bancada. Também em alvenaria, foram construídos dois grandes bancos, em forma de meia lua. E, em uma das paredes, há um quadro com o nome das pessoas que faleceram (em ordem alfabética), o número das ruas onde estão sepultadas, e os números de suas tumbas. Quem consultar esse quadro, encontra facilmente a localização dos túmulos.
No velório, existe um espaço reservado ao cerimonial fúnebre. Ali, as paredes são cobertas por azulejos brancos, observa-se uma bancada de alvenaria de formato octogonal, para apoiar o caixão, e um lavatório. O cerimonial é realizado pela Chevra Kadisha – a Comissão Fúnebre – que prepara o morto para ser enterrado. Isto é feito com total privacidade (com as portas fechadas) em sinal de respeito ao morto. Se o falecido for do sexo masculino, somente os homens da Chevra Kadisha podem preparar seu corpo para o sepultamento; e, caso seja uma mulher, não é permitida a entrada de homens no recinto.
Na parede do velório estão fixadas duas placas. Na primeira, lê-se:
CEMITÉRIO DO BARRO CONSTRUÍDO SOB O PATROCÍNIO DO CENTRO ISRAELITA DE PERNAMBUCO
FUNDADO EM 5-4-1927
INAUGURADO EM 2-6-1927
COM A DIRETORIA COMPOSTA DE
ESTANISLAU DIMENSTEIN VICE*
GEORGE RABIN TESOUREIRO
ISAAC COHAN 1º SECRETÁRIO
BERNARDO KELNER 2º *
COMISSÃO FISCAL
LUIZ ADLER
LEÃO CHERPAK
GREGÓRIO OSTROVSKY
ALBERTO VIEN
ELIAS FOIGUEL
SIGYSMUNDO VEBER
E, na outra placa, está registrado o seguinte:
ESTE EDIFÍCIO FOI DOADO PELO SNR. LEÃO CHERPAK PARA SERVIR DE NECROTÉRIO AO CEMITÉRIO ISRAELITA DO BARRO
FUNDADO EM 5-4-1927
INAUGURADO EM 2-6-1927
SOB O PATROCÍNIO DO CENTRO ISRAELITA DE PERNAMBUCO
No espaço designado aos sepultamentos, por tradição, os judeus europeus costumam separar os homens de um lado e, as mulheres, de outro. Esta divisão foi respeitada, no Cemitério Israelita (do Barro), até o dia em que se esgotaram as áreas reservadas aos homens. Diante disso, a comunidade judaica passou a enterrar mulheres e homens, lado a lado, até não haver, na prática, mais espaços no cemitério. É necessário esclarecer um ponto importante. Há muitos anos, foram comprados, por pessoas da comunidade judaica, os últimos espaços disponíveis, uma vez que elas fazem questão de ser enterradas no mesmo cemitério que seus familiares. Este é o motivo pelo qual ainda se pode ver uma meia dúzia de espaços reservados.
Bem antes de o cemitério ficar lotado, no entanto, a Federação Israelita de Pernambuco solicitou à Prefeitura do Recife a indicação de uma área para a instalação de outro cemitério. Neste sentido, a Prefeitura disponibilizou um terreno relativamente próximo ao Cemitério Parque das Flores, no bairro do Curado, no município de Jaboatão dos Guararapes. Lá foi construído o velório do terceiro cemitério hebreu em Pernambuco: o Cemitério Israelita (do Parque das Flores).
Fontes consultadas:
DIMENSTEIN, Walter. Depoimento oral, dado à autora deste trabalho, sobre a atuação de Abrahão Rissin, como também de Aron Rosenblatt, junto à construção do segundo velório do Cemitério Israelita (do Barro).
FRANCA, Rubem. Monumentos do Recife. Recife: Secretaria de Educação e Cultura, 1977.
KAUFMAN, Tânia Neumann. Passos perdidos,história recuperada: a presença judaica em Pernambuco. Recife: Edição do Autor, 2000.
KAHAL Zur Israel: Congregação Rochedo de Israel: resgate da memória da 1a. Sinagoga das Américas. Recife: Fundação Safra/Centro Cultural Judaico de Pernambuco, 2001.
LIPINER, Elias. Izaque de Castro: o mancebo que veio preso do Brasil. Recife: Fundaj, Ed. Massangana, 1992.
MELLO, José Antônio Gonsalves de. Gente da Nação: judeus residentes no Brasil holandês, 1630-54. Revista do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, Recife, v. 51, p. 9-233, 1979.
MOURA, Hélio Augusto de. Presença judaico-marrana durante a colonização do Brasil. Cadernos de Estudos Sociais, Recife, v. 18, n. 2, p. 267-292, jul./dez. 2002.
RIBEMBOIM, José Alexandre. Senhores de engenho: judeus em Pernambuco colonial (1542-1654). Recife: 20-20 Comunicação e Editora, 1998.
___________ ; MENEZES, José Luís Mota. O primeiro cemitério judeu das Américas: período da dominação holandesa em Pernambuco (1630 - 1654). Recife: Edições Bagaço, 2005.
SINAGOGA Rochedo de Israel: memória e resgate. Brasília, D.F.: Ministério da Cultura, 2001.
VAINSENCHER, Semira Adler. Boi voador. Recife: Fundação Joaquim Nabuco/Centro de Estudos Folclóricos Mário Souto Maior, n. 332, set. 2007. (Série Folclore)
(imagem: Rivkah Cohen http://www.rivkah.com.br)
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