terça-feira, 19 de maio de 2009

IGREJA DE NOSSA SENHORA DO PILAR, Recife, PE

IGREJA DE NOSSA SENHORA DO PILAR (Recife, PE)

Semira Adler Vainsencher
semiraadler@gmail.com
Pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco



A igreja de Nossa Senhora do Pilar, situada na Praça Nossa Senhora do Pilar, no bairro do Recife, foi construída em 1680, sobre os alicerces do Forte de São Jorge. A capela-mor do templo tem o formato de uma abóbada semi-esférica, e é revestida de azulejos lusos raríssimos.

Em 1630, o Forte de São Jorge, comandado pelo capitão Antônio de Lima, resistiu heroicamente ao desembarque holandês, bombardeando-lhe os navios, durante mais de 20 dias. Apesar de contar com a presença de 37 homens, apenas, a qualidade da defesa e a coragem dos combatentes pernambucanos fez com que os flamengos (em quantidade maior de homens e mais bem armados) suspeitassem que, no Forte, estava presente uma tropa mais numerosa. Capitularam somente quando as suas muralhas vieram abaixo, e já havia morrido um quantitativo considerável de soldados.

Alguns escritores holandeses ressaltaram, na época, a resistência encontrada junto ao Forte de São Jorge, dizendo que os pernambucanos, nisto, realizaram verdadeiras maravilhas. Com a expulsão dos flamengos, em 1654, ninguém mais falava do Forte São Jorge. Uma única referência é encontrada em relação a ele, como o Forte de Terra situado entre o Forte do Brum e as baterias do Porto do Recife.

Quando foi abandonado em ruínas, o governador Aires de Souza Castro doou o Forte de São Jorge ao capitão-mor João do Rego Barros, mediante uma carta de sesmaria datada de 31 de maio de 1679. Contudo, a carta fazia uma ressalva importante: naquele local era para ser fundada uma igreja de Nossa Senhora do Pilar.

Nas obras de construção da igreja, aquele capitão utilizou todo o material do Forte demolido: as antigas muralhas, os tijolos e as pedras. Registra a História que João do Rego Barros teve que ir a Portugal prestar conta do dinheiro gasto nas obras. Como a contabilidade não estava correta, ele temia que os lusos não aprovassem o orçamento gasto.

Recorrendo à Nossa Senhora do Pilar, e conseguindo livrar-se do problema, o capitão mandou fazer uma imagem da santa no Porto, cidade situada ao norte de Portugal, e colocou-a no templo. Na época, muitos pernambucanos acreditavam, inclusive, que ela era uma das santas mais milagrosas.

Tendo sido preso e recolhido ao Forte do Brum, por seu envolvimento na guerra dos Mascates, João do Rêgo Barros falece em 1712. É enterrado em local não identificado, na Igreja de Nossa Senhora do Pilar.

Vale ressaltar que a data registrada na fachada da igreja - 1899 - diz respeito ao ano em que a mesma foi reparada. A obra, conduzida pelo padre João Augusto do Nascimento, foi efetuada pelos próprios moradores de Fora-de-Portas - denominação pela qual era chamada a antiga zona do bairro do Recife.


Fontes consultadas:

FRANCA, Rubem. Monumentos do Recife. Recife: Secretaria de Educação e Cultura, 1977.

GUERRA, Flávio. Velhas igrejas do Recife, Olinda e Igarassu. [Recife?: s.n.], [196?].

_________. Velhas igrejas e subúrbios históricos. Recife: Fundação Guararapes, 1970.

MENEZES, José Luiz Mota. Recife: Arrecifes: Revista do Conselho Municipal de Cultura do Recife, ano 3, n. 2, p. 27-31, 1987.


Nenhum comentário:

Postar um comentário