PRAÇA DA INDEPENDÊNCIA
Semira Adler Vainsencher
semiraadler@gmail.com
Pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco
Semira Adler Vainsencher
semiraadler@gmail.com
Pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco
Situada no bairro de Santo Antônio, em pleno centro do Recife, a praça da Independência já figurava na planta da Cidade Maurícia como o Terreiro dos Coqueiros, local onde funcionava um grande mercado durante o domínio holandês. Neste período, o logradouro foi chamado ainda de praça Grande, praça do Comércio e praça da Ribeira. Em 1788, continha 62 casinhas que vendiam gêneros de primeira necessidade, tendo o nome mudado para praça da Polé.
A denominação de Polé, cabe registrar, advém do fato de naquela praça ter funcionado um bárbaro instrumento de tortura (com o mesmo nome). Ele constava de um mastro levantado, uma roldana e uma corda, com a finalidade de supliciar indivíduos que tivessem cometido determinados crimes. Tal instrumento é colocado na praça da Independência somente no século XVIII, vindo de Fora de Portas, perto do Pilar.
Em 1816, o logradouro passa por uma grande reforma: as pequenas casas são substituídas por lojas de maiores dimensões, e o local fica sendo chamado de praça da União. Finalmente, em 1833, a praça adquire o nome da Independência.
No começo do século XX, mais precisamente em 1905, com a finalidade de ampliá-la, quarteirões inteiros são demolidos, bem como uma série de lojinhas que funcionavam em pleno largo. Certas vias públicas, tais como a rua Sigismundo Gonçalves e a rua do Cabugá, deixam de existir. Quarenta anos depois, a praça duplica de tamanho, adquirindo mais ou menos as dimensões que possuem na atualidade e fica popularmente conhecida como praça do Diario ou Pracinha. Ao seu redor, destacam-se: a Matriz de Santo Antônio, o edifício do Diario de Pernambuco - o jornal mais antigo da América Latina -, e vários outros prédios modernos.
Em 1945, alguns comícios agitados ocorrem na Praça da Independência. Em um deles, no dia 3 de março, é morto o acadêmico Demócrito de Sousa Filho, com um tiro na testa, no momento em que discursava em uma das sacadas do jornal.
Várias outras reformas são ainda empreendidas na segunda metade do século XX. Em 1954, por exemplo, a praça da Independência constitui-se no centro das comemorações do tricentenário da Restauração pernambucana. Um conjunto de esculturas em gesso - simbolizando "as três raças unidas contra o invasor" -, bem como um arco de triunfo, ambos criados pelo notável escultor Abelardo da Hora, são erguidos ali.
Em uma outra reforma, realizada em 1975, é colocado o busto de Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo (1891 -1968), com uma caneta em punho a escrever, esculpido também por Abelardo da Hora. Em seu pedestal, estão escritas as seguintes palavras: Ao eminente jornalista Assis Chateaubriand, homenagem da cidade do Recife. E lê-se uma outra homenagem, em um bloco de cimento:
A Prefeitura do Recife entrega ao Povo a nova Praça da Independência, marco de nossa tradição libertária, homenageando o Diário de Pernambuco nos 150 anos de sua ação civilizadora. Recife, 31-1-75. Prefeito.
A praça da Independência é considerada, hoje, como aquela de maior movimento na cidade do Recife. Por ela, cruzam e iniciam avenidas e ruas de grande relevância, tais como a rua Duque de Caxias, a rua 1º de Março, a avenida Dantas Barreto, a rua Nova, a avenida Guararapes, o Largo do Rosário, a rua Matias de Albuquerque e a rua Engenheiro Ubaldo Gomes de Matos. Como o coração do bairro de Santo Antônio, além disso, é nela que onde são realizados os grandes comícios e de onde partem passeatas, procissões, cortejos cívicos, os blocos de carnavais. Esse logradouro público, portanto, continua centralizando os mais recentes acontecimentos, manifestações e/ou reivindicações ocorridos no Estado de Pernambuco, tanto por parte da política, das religiões, quanto dos movimentos populares e da cultura.
Fontes consultadas:
FRANCA, Rubem. Monumentos do Recife: estátuas e bustos, igrejas e prédios, lápides, placas e inscrições históricas do Recife. Recife: Secretaria de Educação e Cultura, 1977.
ROCHA, Tadeu. Praças do Recife. Boletim da Cidade e do Porto do Recife, Recife, n. 63-70, jan./dez., 1957-1958.
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