IGREJA DE SANTA RITA DE CÁSSIA (Recife, PE)
Semira Adler Vainsencher
semiraadler@gmail.com
Pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco
Semira Adler Vainsencher
semiraadler@gmail.com
Pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco
No dia 19 de abril de 1726, na capela de Nossa Senhora do Terço, foi instalada uma Irmandade, sob a proteção de Santa Rita de Cássia, santa esta cuja imagem era considerada milagrosa.
Grandes devotos daquela santa, os irmãos da ordem de Santa Rita de Cássia recorreram a José César de Menezes, capitão-general e governador de Pernambuco, a fim de obterem um terreno para a construção da igreja. A solicitação foi atendida por José Marques do Vale, sargento-mor da capitania de Pernambuco e um abastado colono.
Objetivando investir na construção do templo, José Marques do Vale fez uma doação, no dia 12 de abril de 1783, de um grande terreno, na rua da Praia dos Coqueiros, no bairro de São José (rua que é chamada, hoje, de Santa Rita).
Além da permissão para serem enterrados naquele templo, a única exigência feita pelos doadores (no caso, incluía também a esposa de José Marques) foi a de que pusessem, no altar-mor, as imagens de São José e de Nossa Senhora da Conceição.
A Irmandade de Santa Rita de Cássia acatou tal solicitação e, no dia 17 de dezembro de 1783, a pedra fundamental foi lançada no templo. Naquela ocasião, o patrimônio da Irmandade constava, somente, de uma casa térrea, situada na rua Nova, no valor de duzentos mil réis, cujo rendimento anual era o de cento e cinqüenta mil réis. Apesar do reduzido patrimônio, este foi considerado satisfatório para o bispado.
No ano seguinte, o patrimônio da Irmandade aumentou, com a doação de uma casa, situada na mesma rua (da Praia dos Coqueiros), feita por Antônio Vieira Cardoso e por sua esposa, Josefa Maria de Sousa. Com o novo auxílio, as obras da igreja puderam ser concluídas em 1784.
Gerou-se um grande ciúme, entretanto, em relação à proteção que o novo templo estava recebendo, por parte da irmandade mantenedora da Capela de Nossa Senhora do Terço. Neste sentido, proibiu-se a retirada da imagem de Nossa Senhora de Cássia daquela igreja. Os irmãos não tiveram outra alternativa senão a de adquirir uma nova imagem da santa.
A Irmandade de Santa Rita de Cássia, em agradecimento ao governador José César de Menezes, mandou gravar as armas daquele capitão-general no átrio da capela-mor. E, em 1790, de acordo com a exigência feita pelo doador do terreno do templo, foram bentas e depositadas em seus altares as imagens de São José e de Nossa Senhora da Conceição; bem como mais duas imagens: São Caetano e do Coração de Jesus. A torre e os últimos detalhes da fachada, por sua vez, só puderam ser concluídos em 1831. O responsável pela pintura dos painéis internos da igreja, foi o artista Sebastião Canuto da Silva Tavares. Vê-se, também, sobre a porta principal, um emblema com cruz e cordeiro.
O templo foi reformado entre 1868 e 1870; depois, em 1889, após a ocorrência de um grande incêndio. As imagens do templo foram recolhidas na Igreja de São José do Ribamar. Como por milagre, a imagem de Santa Rita de Cássia, que estava presente na capela-mor, saiu ilesa do incêndio, contribuindo para aumentar, ainda mais, a fé de todos os seus devotos.
Fontes consultadas:
FRANCA, Rubem. Monumentos do Recife. Recife: Secretaria de Educação e Cultura, 1977.
GUERRA, Flávio. Velhas igrejas e subúrbios históricos. Recife: Fundação Guararapes, 1970
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