IGREJA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DA BOA VISTA (Recife, PE)
Semira Adler Vainsencher
Pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco
Situada no bairro da Boa Vista, a Igreja Nossa Senhora do Rosário da Boa Vista foi construída pela Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. Como os recursos dessa Irmandade eram muito limitados, todo o seu patrimônio se limitava a "uma casa térrea de pedra e cal, situada na rua da Glória, e que tinha sido comprada pelos irmãos em 1737, pela importância de oitenta mil réis".
O terreno do templo (uma doação feita pelos herdeiros do mestre-de-campo João Marinho Falcão), localizava-se no antigo sítio do Vínculo de Nossa Senhora da Conceição dos Coqueiros, que se chama, atualmente, de rua da Conceição. Mesmo com o prédio inacabado, é lançada a pedra fundamental da igreja no dia 26 de julho de 1788 e o seu primeiro ato celebrado pelo padre Dr. Manuel de Araújo Carvalho Gondim.
A imagem da santa padroeira Nossa Senhora do Rosário, quase em tamanho natural, foi uma oferta de João da Ponte Rego, no ano de 1789. Nesta época, vale ressaltar, a Irmandade sequer possuía o seu templo pronto. Aquela imagem, toda esculpida em madeira e vinda de Lisboa, representa um belo trabalho de escultura sacra.
Os negros, integrantes da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, por não disporem de recursos financeiros suficientes, só puderam construir uma modesta capelinha e, mesmo assim, levaram cerca de vinte e cinco anos para concluí-la. Percebendo que a capelinha já ameaçava desabar, tempos depois, a Irmandade planejou a edificação de um templo maior, em estilo barroco.
No entanto, o grande protetor dessa nova empreitada passa a ser Gervásio Pires Ferreira. Retornando no Recife, vindo de Portugal, o rico comerciante vai morar em um belo sobrado, junto à antiga igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos.
Percebendo o estado físico do templo, por um lado, e, por outro, sendo um grande devoto daquela santa, Gervásio Pires tratou de ajudar financeiramente os irmãos pretos, a fim de que eles construíssem uma nova igreja. Entusiasmados com tal ajuda, os irmãos Maria Eugênia do Rosário e Inácio Antônio da Silva sensibilizaram, ainda, uma série de pessoas, conseguiram mais doações e, em 1815, as obras foram começadas.
Não se sabe, precisamente, a data em que os trabalhos findaram. A torre, por exemplo, só conseguiu ser erguida em 1896. Entretanto, em 1831, ano em que morreu Gervásio Pires, o templo já devia estar concluído, porque os restos mortais do ilustre comerciante e político foram lá enterrados. O seu túmulo encontra-se no chão, próximo ao altar da liturgia. O epitáfio, no mármore, por estar bem estragado, só permite que se leiam as seguintes palavras:
Aqui jazem/Gervásio Pires Ferreira/filho de/Domingos Pires Ferreira e Joana Maria de Deus/.........(ilegível) .....bom marido e pai/....1831-188x.....Nascido aos 20 de junho de 1765.......
Outro grande devoto daquela igreja foi o historiador Pereira da Costa. Em seu testamento, ele determinou não querer, quando morresse, nem flores, nem luto, nem choro, mas ser enterrado em ataúde de chita preta, com uma cruz de madapolão, em um jazigo da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, do bairro da Boa Vista. No seu jazigo, na igreja, há um brasão, idêntico ao do Estado de Pernambuco, onde se pode ler:
F. A. Pereira da Costa. O mestre de nós todos – Oliveira Lima. Sou um simples chronista, como que o rude mineiro que desce às profundezas da Terra, extrahe o diamante informe, cheio de impurezas, e o entrega ao perito e paciente lapidário para lhe dar brilho e valor. 16-12-1851 – 21-11-1923 // A. Flores & Paz, Camboa do Carmo, n. 67.
Até o final do século XIX, durante a Semana Santa, saindo da rua da Conceição e terminando no bairro de Santo Antônio, daquele templo saía uma das procissões mais concorridas: a do Senhor Bom Jesus da Cruz.
No presente momento, o templo possui um capelão próprio e, nele, são celebrados todos os atos da liturgia católica. Além do altar-mor e de alguns quadros na sacristia, a igreja de Nossa Senhora do Rosário da Boa Vista possui, também, os altares de São Sebastião, São Benedito, Senhor Bom Jesus da Cruz, e Nossa Senhora da Assunção. Cabe lembrar que, anualmente, no dia 15 de agosto, a imagem dessa última santa é carregada em procissão.
Fontes consultadas:
O terreno do templo (uma doação feita pelos herdeiros do mestre-de-campo João Marinho Falcão), localizava-se no antigo sítio do Vínculo de Nossa Senhora da Conceição dos Coqueiros, que se chama, atualmente, de rua da Conceição. Mesmo com o prédio inacabado, é lançada a pedra fundamental da igreja no dia 26 de julho de 1788 e o seu primeiro ato celebrado pelo padre Dr. Manuel de Araújo Carvalho Gondim.
A imagem da santa padroeira Nossa Senhora do Rosário, quase em tamanho natural, foi uma oferta de João da Ponte Rego, no ano de 1789. Nesta época, vale ressaltar, a Irmandade sequer possuía o seu templo pronto. Aquela imagem, toda esculpida em madeira e vinda de Lisboa, representa um belo trabalho de escultura sacra.
Os negros, integrantes da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, por não disporem de recursos financeiros suficientes, só puderam construir uma modesta capelinha e, mesmo assim, levaram cerca de vinte e cinco anos para concluí-la. Percebendo que a capelinha já ameaçava desabar, tempos depois, a Irmandade planejou a edificação de um templo maior, em estilo barroco.
No entanto, o grande protetor dessa nova empreitada passa a ser Gervásio Pires Ferreira. Retornando no Recife, vindo de Portugal, o rico comerciante vai morar em um belo sobrado, junto à antiga igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos.
Percebendo o estado físico do templo, por um lado, e, por outro, sendo um grande devoto daquela santa, Gervásio Pires tratou de ajudar financeiramente os irmãos pretos, a fim de que eles construíssem uma nova igreja. Entusiasmados com tal ajuda, os irmãos Maria Eugênia do Rosário e Inácio Antônio da Silva sensibilizaram, ainda, uma série de pessoas, conseguiram mais doações e, em 1815, as obras foram começadas.
Não se sabe, precisamente, a data em que os trabalhos findaram. A torre, por exemplo, só conseguiu ser erguida em 1896. Entretanto, em 1831, ano em que morreu Gervásio Pires, o templo já devia estar concluído, porque os restos mortais do ilustre comerciante e político foram lá enterrados. O seu túmulo encontra-se no chão, próximo ao altar da liturgia. O epitáfio, no mármore, por estar bem estragado, só permite que se leiam as seguintes palavras:
Aqui jazem/Gervásio Pires Ferreira/filho de/Domingos Pires Ferreira e Joana Maria de Deus/.........(ilegível) .....bom marido e pai/....1831-188x.....Nascido aos 20 de junho de 1765.......
Outro grande devoto daquela igreja foi o historiador Pereira da Costa. Em seu testamento, ele determinou não querer, quando morresse, nem flores, nem luto, nem choro, mas ser enterrado em ataúde de chita preta, com uma cruz de madapolão, em um jazigo da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, do bairro da Boa Vista. No seu jazigo, na igreja, há um brasão, idêntico ao do Estado de Pernambuco, onde se pode ler:
F. A. Pereira da Costa. O mestre de nós todos – Oliveira Lima. Sou um simples chronista, como que o rude mineiro que desce às profundezas da Terra, extrahe o diamante informe, cheio de impurezas, e o entrega ao perito e paciente lapidário para lhe dar brilho e valor. 16-12-1851 – 21-11-1923 // A. Flores & Paz, Camboa do Carmo, n. 67.
Até o final do século XIX, durante a Semana Santa, saindo da rua da Conceição e terminando no bairro de Santo Antônio, daquele templo saía uma das procissões mais concorridas: a do Senhor Bom Jesus da Cruz.
No presente momento, o templo possui um capelão próprio e, nele, são celebrados todos os atos da liturgia católica. Além do altar-mor e de alguns quadros na sacristia, a igreja de Nossa Senhora do Rosário da Boa Vista possui, também, os altares de São Sebastião, São Benedito, Senhor Bom Jesus da Cruz, e Nossa Senhora da Assunção. Cabe lembrar que, anualmente, no dia 15 de agosto, a imagem dessa última santa é carregada em procissão.
Fontes consultadas:
FRANCA, Rubem. Monumentos do Recife. Recife: Secretaria de Educação e Cultura, 1977.
GUERRA, Flávio. Velhas igrejas e subúrbios históricos. Recife: Fundação Guararapes, 1970.
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