IGREJA DA SANTA CRUZ (Recife, PE)
Semira Adler Vainsencher
semiraadler@gmail.com
Pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco
Semira Adler Vainsencher
semiraadler@gmail.com
Pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco
Localizada no Pátio da Santa Cruz, no bairro da Boa Vista, a Igreja da Santa Cruz foi concluída entre os anos de 1725 e 1732.
Em frente à igreja havia um Cruzeiro de pedra, mas, em 1821, o governador pernambucano Luís do Rêgo Barreto, mandou demoli-lo.
Sobre o templo, o registro histórico mais antigo que se possui advém da terceira década do século XVIII. Trata-se do Breve Pontifício do Papa Clemente XII, de 7 janeiro de 1732, concedendo indulgências plenárias à Irmandade do Senhor Bom Jesus da Via Sacra, "que se havia de erigir canonicamente pelo ordinário lugar, na paroquial Igreja da Santa Cruz, do lugar da Boa Vista, da diocese de Pernambuco, debaixo da invocação da mesma Santa Cruz, chamada da Via Sacra".
Existe um outro registro que, atendendo ao pedido de um missionário jesuíta - o padre Gabriel Malagrida -, o governador de Pernambuco, Henrique Luís Pereira Freire, no dia 23 de setembro de 1742, concedeu uma licença a fim de que ele construísse um recolhimento para mulheres, junto à Igreja da Santa Cruz, na Boa Vista. Contudo, não se tem qualquer informação se tal recolhimento foi feito.
A Igreja da Santa Cruz apresenta uma só torre, em seu lado esquerdo. Nela, estão eretas as seguintes Irmandades: Confraria do Senhor Bom Jesus da Via Sacra, Irmandade de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, e Irmandade da Senhora Santana. Excetuando-se os altares da ladainha e a capela-mor, todas as demais talhas ornamentais foram obra do mestre entalhador Antônio Basílio de Oliveira, no final do século XVIII.
Apesar de o templo ser modesto, ele serviu de paróquia até 1793, ano em que o Santíssimo Sacramento foi transferido para a igreja da Boa Vista - a atual Igreja Matriz da Boa Vista - cuja construção não estava concluída, ainda, naquela época.
Até 1920, no último domingo antes da Páscoa, saía a procissão do Encontro no Pátio da Santa Cruz. Segundo escreveu um cronista que viveu na época, naquela procissão, o andor da Mãe Angustiada se encontrava com o andor do Filho Sofredor. Quando os dois andores se uniam, a procissão percorria as ruas do bairro da Boa Vista.
O Pátio da Santa Cruz, por sua vez, era um logradouro bastante familiar e conhecido pelos recifenses. Nele, se davam as festas religiosas de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e de Nossa Senhora de Santana. Essas duas Irmandades continuam mantendo, ali, um capelão, para o exercício de todos os atos religiosos. As festas da igreja, porém, se realizam todo mês de agosto.
O bairro da Boa Vista, em especial, representava um dos locais mais limpos e recatados do Recife. Além de procissões, por ele costumavam passar quase todos os blocos carnavalescos, maracatus, caboclinhos, entre outras manifestações existentes no folclore nordestino.
A Rosário da Boa Vista era uma rua estritamente familiar, com calçadas e janelas cheias de gente à noite, que desemboca no Pátio da Santa Cruz e na rua da Conceição, rua onde foi construída a Igreja de Nossa Senhora do Rosário. Na época da sua adolescência, lembra a autora, um dos grandes desafios da juventude, durante o Carnaval, era o de conseguir apertar a mão de Dona Santa, a mãe-de-santo mais idosa e conhecida de todo o maracatu pernambucano.
Aberta ao público, constantemente, e sempre limpa e conservada, a Igreja da Santa Cruz, mesmo sem o esplendor do século XIX e suas célebres procissões na Quaresma, costuma servir de palco para alguns eventos não-religiosos, como, por exemplo, concertos de música clássica.
Fontes consultadas:
FRANCA, Rubem. Monumentos do Recife. Recife: Secretaria de Educação e Cultura, 1977.
GUERRA, Flávio. Velhas igrejas e subúrbios históricos. Recife: Fundação Guararapes, 1970.
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