FESTIVAL DA CULTURA JUDAICA
Semira Adler Vainsencher
semiraadler@gmail.com
Pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco
Semira Adler Vainsencher
semiraadler@gmail.com
Pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco
O I Festival da Cultura Judaica, uma iniciativa da Federação Israelita de Pernambuco, realizou-se em novembro de 1991, no Centro Israelita de Pernambuco (CIP), localizado no bairro da Torre, no Recife. O espaço foi enfeitado, dezenas de mesas e cadeiras foram dispostas, armaram-se barracas, e a festa começou depois das 19 horas. Logo na entrada, cada família ganhava uma caneca de cerâmica, esmaltada com o emblema do CIP, para beber chopp, que era distribuído gratuitamente.
As deliciosas comidas eram feitas e doadas pela comunidade judaica recifense, e os alunos do Colégio Israelita de Pernambuco Moysés Chvarts - uma instituição de ensino pré-escolar e fundamental que funciona nas instalações do CIP - apresentavam as danças folclóricas. Além dos quitutes, músicas, danças e exposições de arte, o I Festival trouxe ainda a comediante Berta Loran, que se encarregou de apresentar um espetáculo humorístico.
No final da festa, as tortas doces que restavam intactas eram leiloadas entre os presentes e, quem fizesse a melhor oferta, podia levar a iguaria para casa. Não raro, tratava-se da própria pessoa que havia feito a doação do prato. E o montante arrecadado, oriundo da venda dos ingressos e das comidas típicas, destinava-se ao pagamento do décimo terceiro salário dos professores do Colégio Israelita de Pernambuco Moysés Chvarts.
Durante mais de dez anos, o Festival ocorreu naquele Centro. Em novembro de 2003, porém, houve uma grande mudança: o 13º. Festival da Cultura Judaica se tornou um mega evento popular e, a partir dessa data, passou a ser incluído no calendário oficial da Prefeitura da Cidade do Recife.
Ao invés do tradicional espaço no bairro da Torre, a festa foi transferida para a Praça Artur Oscar - a conhecida Praça do Arsenal – situada no Recife Antigo, no bairro do Recife, onde várias barracas e um grande palco foram armados. De lá, pode-se apreciar a Torre Malakoff e, a poucos metros, a Sinagoga Kahal Zur Israel (ou Congregação Rochedo de Israel), a primeira sinagoga das Américas.
Vale ressaltar que aquela sinagoga representa um dos marcos mais importantes da presença judaica no Brasil-Colônia. Construída durante o período de ocupação dos holandeses em Pernambuco, no início do século XVII, a sinagoga está localizada em um logradouro público que era chamado, antigamente, Bockestraet e, também, Rua dos Judeus, tendo sido o primeiro templo oficial dos judeus que habitavam nas Américas. Próximo à sinagoga, inclusive, havia duas escolas judaicas: Talmud Torah e Etz Hayim.
Naquela área de mil metros quadrados habitavam 27 mil habitantes, uma das mais elevadas densidades demográficas já conhecidas. Para atender a essa população, o conde Maurício de Nassau (1630-1654) construiu uma ponte em madeira. A construção foi chamada Ponte Maurício de Nassau e funcionou como um elo entre a atual Avenida Marquês de Olinda e a Rua 1º. de Março, no bairro de Santo Antônio.
Parcela expressiva da população que habitava os primeiros núcleos urbanos daquela área – chamada, na época, de Freguesia de São Frei Pedro Gonçalves -, era representada por judeus ou cristãos-novos, que vieram para o Brasil-Colônia em busca de liberdade de expressão religiosa, fugindo à perseguição e ao extermínio que espanhóis e portugueses lhes impunham. Durante a presença batava em Pernambuco, foi naquele pequeno lugar densamente povoado que os hebreus puderam professar sua religião e manter vivas suas tradições.
Após a expulsão dos holandeses, a Rua dos Judeus foi chamada Rua da Cruz. Muitos anos depois, o nome do logradouro mudou para o atual: Rua do Bom Jesus. A cada ano, pelos antigos paralelepípedos daquelas ruas onde habitaram tantos judeus, circulam mais de quinze mil pessoas, entre pernambucanos e turistas, interessados nas atrações do Festival da Cultura Judaica.
A culinária judaica, em particular, é uma das mais saborosas e variadas que existem. Nas barracas montadas na Praça do Arsenal são vendidos os seguintes pratos típicos:
1. salgados: varenike (um tipo de pastel recheado com purê de batata e cebola e cozido na água), krepale (ravióli de queijo), falafel (pão pita recheado com bolinhos de grão de bico e vegetais, fritos), kügel (torta de macarrão), beigale (massa folheada com queijo ou batata), guefilte fish (bolinho de peixe), helzale (buchadinha feita com pele de frango e recheada com farofa), tchuln (guisado de carne), cholodetz (gelatina do mocotó bovino servida gelada), kashe (trigo sarraceno) com algum molho, entre outros;
2. doces: fludn (o famoso “doce de casamento judaico”, feito com massa folheada, nozes, castanhas, passas e frutas em calda), apfestrudel (torta de maçã), torta de ricota, torta de queijo, chonik leikech (bolo de mel), torta de uva, bolo de frutas, torta de nozes, torta de damasco, torta de chocolate, e kamish (pequeno biscoito recheado).
Além da rica gastronomia, são apresentadas oficinas, feira de livros, exposição de arte, músicas folclóricas (por parte de expoentes da comunidade judaica recifense) e danças. Até o presente ano, o Festival da Cultura Judaica já ocorreu dezessete vezes, cinco das quais no Recife Antigo.
Fontes consultadas:
As deliciosas comidas eram feitas e doadas pela comunidade judaica recifense, e os alunos do Colégio Israelita de Pernambuco Moysés Chvarts - uma instituição de ensino pré-escolar e fundamental que funciona nas instalações do CIP - apresentavam as danças folclóricas. Além dos quitutes, músicas, danças e exposições de arte, o I Festival trouxe ainda a comediante Berta Loran, que se encarregou de apresentar um espetáculo humorístico.
No final da festa, as tortas doces que restavam intactas eram leiloadas entre os presentes e, quem fizesse a melhor oferta, podia levar a iguaria para casa. Não raro, tratava-se da própria pessoa que havia feito a doação do prato. E o montante arrecadado, oriundo da venda dos ingressos e das comidas típicas, destinava-se ao pagamento do décimo terceiro salário dos professores do Colégio Israelita de Pernambuco Moysés Chvarts.
Durante mais de dez anos, o Festival ocorreu naquele Centro. Em novembro de 2003, porém, houve uma grande mudança: o 13º. Festival da Cultura Judaica se tornou um mega evento popular e, a partir dessa data, passou a ser incluído no calendário oficial da Prefeitura da Cidade do Recife.
Ao invés do tradicional espaço no bairro da Torre, a festa foi transferida para a Praça Artur Oscar - a conhecida Praça do Arsenal – situada no Recife Antigo, no bairro do Recife, onde várias barracas e um grande palco foram armados. De lá, pode-se apreciar a Torre Malakoff e, a poucos metros, a Sinagoga Kahal Zur Israel (ou Congregação Rochedo de Israel), a primeira sinagoga das Américas.
Vale ressaltar que aquela sinagoga representa um dos marcos mais importantes da presença judaica no Brasil-Colônia. Construída durante o período de ocupação dos holandeses em Pernambuco, no início do século XVII, a sinagoga está localizada em um logradouro público que era chamado, antigamente, Bockestraet e, também, Rua dos Judeus, tendo sido o primeiro templo oficial dos judeus que habitavam nas Américas. Próximo à sinagoga, inclusive, havia duas escolas judaicas: Talmud Torah e Etz Hayim.
Naquela área de mil metros quadrados habitavam 27 mil habitantes, uma das mais elevadas densidades demográficas já conhecidas. Para atender a essa população, o conde Maurício de Nassau (1630-1654) construiu uma ponte em madeira. A construção foi chamada Ponte Maurício de Nassau e funcionou como um elo entre a atual Avenida Marquês de Olinda e a Rua 1º. de Março, no bairro de Santo Antônio.
Parcela expressiva da população que habitava os primeiros núcleos urbanos daquela área – chamada, na época, de Freguesia de São Frei Pedro Gonçalves -, era representada por judeus ou cristãos-novos, que vieram para o Brasil-Colônia em busca de liberdade de expressão religiosa, fugindo à perseguição e ao extermínio que espanhóis e portugueses lhes impunham. Durante a presença batava em Pernambuco, foi naquele pequeno lugar densamente povoado que os hebreus puderam professar sua religião e manter vivas suas tradições.
Após a expulsão dos holandeses, a Rua dos Judeus foi chamada Rua da Cruz. Muitos anos depois, o nome do logradouro mudou para o atual: Rua do Bom Jesus. A cada ano, pelos antigos paralelepípedos daquelas ruas onde habitaram tantos judeus, circulam mais de quinze mil pessoas, entre pernambucanos e turistas, interessados nas atrações do Festival da Cultura Judaica.
A culinária judaica, em particular, é uma das mais saborosas e variadas que existem. Nas barracas montadas na Praça do Arsenal são vendidos os seguintes pratos típicos:
1. salgados: varenike (um tipo de pastel recheado com purê de batata e cebola e cozido na água), krepale (ravióli de queijo), falafel (pão pita recheado com bolinhos de grão de bico e vegetais, fritos), kügel (torta de macarrão), beigale (massa folheada com queijo ou batata), guefilte fish (bolinho de peixe), helzale (buchadinha feita com pele de frango e recheada com farofa), tchuln (guisado de carne), cholodetz (gelatina do mocotó bovino servida gelada), kashe (trigo sarraceno) com algum molho, entre outros;
2. doces: fludn (o famoso “doce de casamento judaico”, feito com massa folheada, nozes, castanhas, passas e frutas em calda), apfestrudel (torta de maçã), torta de ricota, torta de queijo, chonik leikech (bolo de mel), torta de uva, bolo de frutas, torta de nozes, torta de damasco, torta de chocolate, e kamish (pequeno biscoito recheado).
Além da rica gastronomia, são apresentadas oficinas, feira de livros, exposição de arte, músicas folclóricas (por parte de expoentes da comunidade judaica recifense) e danças. Até o presente ano, o Festival da Cultura Judaica já ocorreu dezessete vezes, cinco das quais no Recife Antigo.
Fontes consultadas:
CULTURA judaica invade o Recife antigo neste domingo. Disponível em:
QUEM, onde, como? Disponível em:
RECIFE Antigo torna-se território judaico neste domingo. Disponível em:
VAINSENCHER, Semira Adler. Culinária judaica. Disponível em:
______. Recife (bairro). Disponível em:
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