domingo, 17 de maio de 2009

CORDEIRO (bairro, Recife)


CORDEIRO (bairro, Recife)

Semira Adler Vainsencher
semiraadler@gmail.com
Pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco


O atual bairro do Cordeiro pertence à paróquia da Várzea, situando-se entre os bairros de Zumbi e Iputinga, a cerca de 6 quilômetros da cidade do Recife. No início, as terras situadas na ilha de Antônio Vaz ou Santo Antônio, nas vizinhanças da Campina do Taborda, em frente ao Forte das Cinco Pontas, pertenciam ao coronel Ambrósio Machado, que também era senhor de engenho. Nessas terras existiam ainda uns poços que proviam de água o povoado.

Ambrósio Machado era também um senhor de engenho pernambucano que exerceu o cargo, durante três anos (de 1616 até 1619), de capitão-mor governador da capitania do Rio Grande do Norte.

Era de um determinado local do engenho de Ambrósio Machado que se praticava o passo, ou travessia do rio Capibaribe. O caminho em direção a uma das margens era chamado de Passagem de Ambrósio Machado e, o outro, de Passagem de Jerônimo Paes (o senhor do engenho Casa Forte). Por essas passagens, em 1645, as forças libertadoras pernambucanas atravessaram o rio Capibaribe com o intuito de atacar o exército holandês. Isto porque os flamengos, tendo sido derrotados no Monte das Tabocas, haviam montado acampamento no engenho da senhora Anna Paes. Com a derrota dos invasores holandeses, o engenho de Casa Forte virou patrimônio português, tendo isso durado até o final de 1693.

O engenho de Ambrósio Machado, por sua vez, tendo sido confiscado pelos holandeses em 1654, foi incorporado aos bens da coroa flamenga. Parte dessas terras, porém, foi ocupada pelo capitão João Cordeiro de Mendanha, um ajudante de ordens do governador João Fernandes Vieira. Posteriormente, a propriedade foi arrematada em leilão público pelo capitão José Camelo Pessoa, o senhor do engenho Monteiro. E em escritura lavrada em 16 de novembro de 1707, o capitão incorpora aquela propriedade às terras de dois outros sítios que lhe pertenciam.

No final do século XVIII, Sotero de Castro compra todas essas terras e lhes coloca, de forma oficial, o nome de Cordeiro - como já era conhecida popularmente a localidade - em homenagem ao antigo lavrador João Cordeiro de Mendanha. Por sua vez, a Passagem de Ambrósio Machado passa a se chamar de Passagem do Cordeiro.

O engenho Cordeiro teve uma curta existência. Dele, apenas resta a casa de vivenda, mas com um aspecto bem diferente, diga-se de passagem. Em 1900, lá é construída uma capelinha dedicada a São Sebastião.

O Instituto Arqueológico Histórico e Geográfico Pernambucano ergue, em 1872, no lugar onde existiu o 2o. Forte Real do Bom Jesus - o Arraial Novo do governador João Fernandes Vieira -, uma elegante coluna de três metros de altura. Em seu topo, coloca uma cruz, protegida por uma grade de ferro. O monumento é chamado de Cruzeiro do Forte. Há vários anos, infelizmente, roubaram a cruz. Tampouco existe a grade de ferro que lhe protegia. Restou a coluna solitária, somente, assentada sobre a base de mármore em forma de prisma quadrangular.

Situada no Cordeiro, a avenida Caxangá é uma via muito grande, onde se concentram inúmeras revendedoras de automóveis do Recife, o hospital público Barão de Lucena, vários bancos, farmácias e muitos outros estabelecimentos comerciais.

No número 2.200 dessa mesma avenida, pode-se apreciar, hoje, o Parque Professor Antônio Coelho, conhecido como Exposição de Animais do Cordeiro. Neste parque, é possível observar dois monumentos: o primeiro, um zebu, uma doação dos criadores de Pernambuco e, o segundo, o célebre cavalo Mossoró, nascido em 1929, produto do haras de Maranguape e grande campeão nacional. Nos últimos anos, além de exposições de animais e apresentações noturnas de cantores famosos, o governo instalou na área do parque um núcleo de prestação de serviços – Expresso Cidadão –, para expedição de carteiras de identidade, carteiras de motorista, e outros documentos importantes, prestando um atendimento mais rápido à população.


Fontes consultadas:

COSTA, F. A. Pereira da. Arredores do Recife. Recife: Fundação de Cultura Cidade do Recife, 1981.

GALVÃO, Sebastião de Vasconcellos. Diccionario chorografico, histórico e estatístico de Pernambuco. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1908. 4v.


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