segunda-feira, 18 de maio de 2009

DINÁ DE OLIVEIRA

DINÁ DE OLIVEIRA

Semira Adler Vainsencher
semiraadler@gmail.com
Pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco


No dia 2 de março de 1907, na cidade do Recife, em Pernambuco, nascia Esmeraldina da Rosa Borges. Seus pais foram o coronel Alfredo Bartholomeu da Rosa Borges e dona Josefina Sarmento Marinho. Esmeraldina cursou o Colégio Santa Margarida, no Recife, e o Colégio Sion, no Rio de Janeiro.

Ela casou com Valdemar de Oliveira e, dessa união, nasceram dois filhos - Reinaldo e Fernando - conhecidos como os Irmãos Oliveira. Em uma época na qual bem poucas mulheres trabalhavam fora da esfera privada, Esmeraldina exerceria várias atividades profissionais, tendo sido professora, jornalista (escrevendo, habitualmente, para revistas e jornais locais), bem como inspetora seccional do ensino. Estas inspetorias, com o tempo, foram transformadas em delegacias regionais. Trabalhou como inspetora durante mais de 35 anos, tendo nessa função se aposentado.

Em 1941, por ocasião da fundação do Teatro de Amadores Pernambuco - hoje chamado de Teatro Valdemar de Oliveira – a corajosa Esmeraldina ousaria atuar, ainda, no teatro, tornando-se uma das melhores atrizes pernambucanas, e sendo conhecida como Diná de Oliveira. Ela interpretou uma série de autores consagrados, tais como Shakespeare (em Macbeth) e Garcia Lorca (em Bodas de sangue e A casa de Bernarda Alba). No entanto, foi por sua atuação na peça Um sábado em 30, de Luiz Marinho, que ela obteve o seu maior sucesso.

Tendo estudado piano por muitos anos, Diná especializou-se nesse instrumento musical, conseguindo atingir um nível técnico tão bom que isso lhe permitia tocar em concertos, tanto sozinha quanto a três pianos.

Estimulada por Valdemar e pelos filhos, Diná se tornaria, ainda, instrumentista e compositora. Uma de suas composições, Sala de visitas do nosso carnaval, ficou em segundo lugar em um concurso para a escolha do hino de carnaval do Clube Internacional do Recife. Vale ressaltar que Reinaldo e Fernando ganharam o primeiro lugar e, seu esposo, ficou em terceiro.

É de autoria de Diná o frevo Festa barata (que tirou, em 1970, o terceiro lugar no II Festival do Frevo da TV Rádio Clube); e o frevo-canção Não adianta, gravado pelo cantor Expedito Baracho em 1971. Com o maracatu Dona Santa no céu, ela se classificou em primeiro lugar na categoria maracatu, no ano de 1976, no Festival de Músicas Carnavalescas da TV Jornal do Commercio e da Empresa Metropolitana de Turismo do Recife (Emetur).

Com o apoio de sua família, ela compôs o frevo-de-bloco Onde andará Maria?, que recebeu o primeiro lugar no II Festival de Frevo na TV Rádio Clube - a Tupy – (hoje extinta), e que, em 1996, foi gravado no CD Saudade vai passar, do bloco da Saudade.

Apresenta-se, abaixo, a letra de sua composição Onde andará Maria?

Antigamente
Quando eu ouvia
Vindo de longe
A orquestra do meu bloco
De braços dados com Maria
Cantava alegre
Até o romper do dia.

Meu Deus do céu
Meu Deus do céu
Onde andará Maria?

Maria Sorrindo
O povo na rua
Cantava, cantava, cantava.
Maria dançando
O mundo que gira
Parava, parava, parava.

Em toda a cidade
O que era tristeza
Virava alegria
E eu era feliz
Carregando em meus braços Maria.


Diná de Oliveira no dia o de outubro de 1998, aos 91 anos de idade, sendo enterrada no Cemitério de Santo Amaro.


Fontes consultadas:

BARRETO, José Ricardo Paes; PEREIRA, Margarida M. de Souza; GOMES, Maria J. Pereira. Dicionário dos compositores carnavalescos pernambucanos. Recife: Cia Pacífica, 2001.

CÂMARA, Renato Phaelante da. MPB: compositores pernambucanos: coletânea bio-músico fonográfica, 1920-1995. Recife: Fundaj, Ed. Massangana, 1997. 149 p. (Estudos e pesquisas, 96).


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