GRACILIANO RAMOS
Semira Adler Vainsencher
Pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco
No dia 27 de outubro de 1892, na então rua Nova nº 11, em Quebrangulo/Alagoas, nascia Graciliano Ramos de Oliveira. Seus pais eram Maria Amélia Ferro Ramos e Sebastião Ramos de Oliveira. Aos três anos de idade, em 1895, Graciliano saía de sua pequena cidade natal para ir morar na fazenda "Pintadinho" em Buíque, no Estado de Pernambuco, que fora adquirida pela sua família.
Sobre a sua meninice, a lembrança do tímido e introvertido Graciliano não era nada agradável. Segundo afirmava, havia sido um mundo intolerável de castigos, privações e vergonhas. Das lembranças do pai, ele registrava:
Um homem sério, de testa larga, uma das mais belas testas que já vi, dentes fortes, queixo rijo, fala tremenda...Meu pai era terrivelmente poderoso, e essencialmente poderoso [...] não economizava pancadas e repreensões. Éramos repreendidos e batidos.
E, sobre a sua mãe, Graciliano dizia:
O que nessa figura me espantava era a falta de sorriso. [...] Miúda e feia, devia inquietar-se, desconfiar das amabilidades, recear mistificações. Quando cresci e tentei agradá-la, recebeu-me suspeitosa e hostil; se me acontecia concordar com ela, mudava de opinião e largava muxoxos desesperadores.
Em decorrência de uma grande seca, a família Oliveira teve que abandonar a fazenda "Pintadinho", retornando ao território alagoano. Dessa vez, contudo, foi residir em Viçosa. Ali, Sebastião Ramos de Oliveira colocava Graciliano para estudar no Internato Alagoano. Naquela época, o jovem já lia alguns escritores clássicos europeus, tais como Émile Zola, Honoré de Balzac, Fiedor Dostoievsky e Eça de Queirós.
No Internato Alagoano existia um modesto periódico chamado O Dilúculo, no qual Graciliano publicaria o seu primeiro conto, aos 12 anos de idade, sob a assinatura de G. Ramos:
PEQUENO PEDINTE
Tinha oito anos!
A pobrezinha da criança sem pai nem mãe, que vagava pelas ruas da cidade pedindo esmolas aos transeuntes caridosos, tinha oito anos.
Oh! Não ter um seio de mãe para afogar o pranto que existe no seu coração!
Pobre pequeno mendigo!
Quantas noites não passara dormindo pelas calçadas exposto ao frio e à chuva, sem o abrigo do teto!
Quantas vergonhas não passara quando, ao estender a pequenina mão, só recebia a indiferença e o motejo!
Oh! Encontram-se muitos corações brutos e insensíveis!
É domingo.
O pequeno está à porta da igreja, pedindo, com o coração amargurado, que lhe dêem uma esmola pelo amor de Deus.
Diversos indivíduos demoram-se para depositar uma pequena moeda na mão que se lhes está estendida.
Terminada a missa, volta quase alegre, porque sabe que naquele dia não passará fome.
Depois vêem os dias, os meses, os anos, cresce e passa a vida, enfim, sem tragar outro pão a não ser o negro pão amassado com o fel da caridade fingida.
Sobre a sua meninice, a lembrança do tímido e introvertido Graciliano não era nada agradável. Segundo afirmava, havia sido um mundo intolerável de castigos, privações e vergonhas. Das lembranças do pai, ele registrava:
Um homem sério, de testa larga, uma das mais belas testas que já vi, dentes fortes, queixo rijo, fala tremenda...Meu pai era terrivelmente poderoso, e essencialmente poderoso [...] não economizava pancadas e repreensões. Éramos repreendidos e batidos.
E, sobre a sua mãe, Graciliano dizia:
O que nessa figura me espantava era a falta de sorriso. [...] Miúda e feia, devia inquietar-se, desconfiar das amabilidades, recear mistificações. Quando cresci e tentei agradá-la, recebeu-me suspeitosa e hostil; se me acontecia concordar com ela, mudava de opinião e largava muxoxos desesperadores.
Em decorrência de uma grande seca, a família Oliveira teve que abandonar a fazenda "Pintadinho", retornando ao território alagoano. Dessa vez, contudo, foi residir em Viçosa. Ali, Sebastião Ramos de Oliveira colocava Graciliano para estudar no Internato Alagoano. Naquela época, o jovem já lia alguns escritores clássicos europeus, tais como Émile Zola, Honoré de Balzac, Fiedor Dostoievsky e Eça de Queirós.
No Internato Alagoano existia um modesto periódico chamado O Dilúculo, no qual Graciliano publicaria o seu primeiro conto, aos 12 anos de idade, sob a assinatura de G. Ramos:
PEQUENO PEDINTE
Tinha oito anos!
A pobrezinha da criança sem pai nem mãe, que vagava pelas ruas da cidade pedindo esmolas aos transeuntes caridosos, tinha oito anos.
Oh! Não ter um seio de mãe para afogar o pranto que existe no seu coração!
Pobre pequeno mendigo!
Quantas noites não passara dormindo pelas calçadas exposto ao frio e à chuva, sem o abrigo do teto!
Quantas vergonhas não passara quando, ao estender a pequenina mão, só recebia a indiferença e o motejo!
Oh! Encontram-se muitos corações brutos e insensíveis!
É domingo.
O pequeno está à porta da igreja, pedindo, com o coração amargurado, que lhe dêem uma esmola pelo amor de Deus.
Diversos indivíduos demoram-se para depositar uma pequena moeda na mão que se lhes está estendida.
Terminada a missa, volta quase alegre, porque sabe que naquele dia não passará fome.
Depois vêem os dias, os meses, os anos, cresce e passa a vida, enfim, sem tragar outro pão a não ser o negro pão amassado com o fel da caridade fingida.
G. Ramos
O DILÚCULO. Viçosa, 24 jun. 1904.
Aos dezoito anos de idade, Graciliano foi morar na rua do Pinga-Fogo (atual rua José Pinto de Barros) em Palmeira dos Índios, no agreste de Alagoas, e trabalhar na loja de tecidos e miudezas de seu pai. No início de 1914, embarcava para o Rio de Janeiro, indo trabalhar nos jornais Correio da Manhã, A Tarde e O Século.
Em 1915, Graciliano casou com Maria Augusta Amorim de Barros e regressou a Palmeira dos Índios. Cinco anos depois, sua esposa viria a morrer no parto, deixando-lhe viúvo e com quatro filhos: Márcio, Júnio, Múcio e Maria Augusta. Felizmente, o escritor pôde contar com a generosidade da irmã Anália que não somente cuidou muito bem dele, como também criou os seus filhos.
Anos depois (em 1928), o escritor se casaria pela segunda vez, desta feita com Heloísa Medeiros. Ele tinha 36 anos e, Heloísa, a metade da sua idade.
Com 430 votos, naquele mesmo ano, Graciliano Ramos era eleito prefeito de Palmeira dos Índios. Foi bastante combatido porque não quis favorecer ninguém. Graciliano tinha muitos projetos - um deles o de construir açudes na zona sertaneja - mas não chegou a concretizá-los. "Para que semear promessas que não sei se darão frutos?", ele se perguntava.
Antes do fim do seu mandato, Graciliano iria comunicar ao Governador Álvaro Paes a sua renúncia ao cargo de prefeito, através de um telegrama lacônico:
Exmo. Governador do Estado - Maceió - Comunico a V. Excia. que hoje renunciei ao cargo de Prefeito deste município. Saudações, Graciliano Ramos.
Quanto à decisão tomada, Graciliano declarou também: Perdi vários amigos, ou indivíduos que possam ter semelhante nome. Não me fizeram falta. Há descontentamento. Se a minha estada na Prefeitura por estes dois anos dependesse de um plebiscito, talvez eu não obtivesse dez votos.
Posteriormente, Graciliano se transferia para Maceió, cidade onde passava a dirigir a Imprensa Oficial. No ano de 1932, ele escrevia a obra intitulada São Bernardo, mas esta só seria publicada em 1934.
O escritor foi nomeado Diretor de Instrução Pública de Alagoas, em 1933, nomeação sobre a qual ele mesmo diria se tratar de "um disparate administrativo que nenhuma revolução poderia justificar". Nesse mesmo ano, sairia em primeira edição o seu romance de estréia intitulado Caetés.
Por motivos de ordem política, sob a acusação de envolvimento em "atividades extremistas", Graciliano Ramos foi demitido e preso no dia 3 de março de 1936. Em um automóvel oficial, o escritor era levado ao quartel do 20º Batalhão de Caçadores.
No dia seguinte, com destino à cidade do Recife, ele embarcava em um trem da Great Western e ficaria recolhido no Forte das Cinco Pontas. De lá, Graciliano foi jogado no porão do navio Manaus, que fez escalas em Maceió e Salvador, com destino ao Rio de Janeiro.
No mesmo ano de sua prisão, seria publicado Angústia, o terceiro romance do escritor. Segundo o seu próprio depoimento, essa obra representava o desenvolvimento do conto Entre grades, de sua autoria, escrito no ano de 1925, do qual ele havia aproveitado o assunto e o tipo de criminoso nele personificado.
Sem um processo penal regular, Graciliano Ramos permaneceu no cárcere até o dia 13 de janeiro de 1937. Nesta data, por decisão unânime do Supremo Tribunal Militar, ele seria colocado em liberdade. Mudou-se, então, para a cidade do Rio de Janeiro, onde passou a se dedicar ao jornalismo e à produção literária.
Em 1938, era publicado o seu quarto, último e mais famoso romance - Vidas secas - sobre a estória de um grupo retirante no Nordeste agrário. A estória seria radiofonizado pela Rádio Globo em 1949, e filmada pelo cineasta Nelson Pereira dos Santos, em 1963.
Tal livro, por sua vez, foi publicado também em diversas cidades do exterior, a exemplo de Buenos Aires (1947), Varsóvia (1950), Praga (1959), Lisboa (1960), Milão (1961), Moscou (1961, edição de 100.000 exemplares), Paris (1962), Havana (1964), Milão (1964), Austin (1965), Berlim (1966), Sofia (1969), Madri (1974), Copenhague (1978), Frankfurt (1981), Haia (1981), entre outras.
Graciliano Ramos tornava-se membro do Partido Comunista Brasileiro em 1945. Sete anos depois, viajaria para às antigas União Soviética e Tcheco-Eslováquia.
Vidas Secas, um romance escrito na primeira pessoa do singular, teve sua origem no conto intitulado Baleia, que Graciliano escrevera em 1937, após a sua saída da prisão, e onde utilizava a lembrança de um cão sacrificado no interior de Pernambuco. Tal conto foi escrito na pensão de dona Elvira, na rua Correia Dutra, no Rio de Janeiro, local onde Graciliano Ramos foi companheiro, também, de Lúcio Rangel, Rubem Braga, Otávio Dias Leite e Barreto Falcão. Cabe registrar que, naquela mesma pensão, durante dois anos, Graciliano viveria com a sua segunda esposa e duas filhas menores de idade: Luiza e Clara. O escritor teria um filho, ainda, com Heloísa: Ricardo.
Graciliano foi também Inspetor Federal de Ensino Secundário, junto ao ginásio que funcionava no Mosteiro de São Bento, no Rio de Janeiro, e escreveria também alguns contos: Dois dedos, Histórias incompletas e Insônia. Quanto às recordações da meninice, ele redigiria o trabalho Infância, em 1945, um compêndio de memórias e confissões que seria publicado em Buenos Aires (1948), Paris (1956), Lisboa (1963) e Londres (1979).
No que diz respeito à literatura infanto-juvenil, Graciliano Ramos deixou as seguintes obras: A terra dos meninos pelados, Histórias de Alexandre, 7 histórias verdadeiras, Alexandre e outros heróis e O estribo de prata.
O romancista alagoano escreveu cinco livros que foram publicados, apenas, depois da sua morte. Eles foram os seguintes: dois livros de crônicas – Linhas tortas e Viventes das Alagoas – um livro de impressões de viagem intitulado Viagem, e um livro de cartas - Cartas/Graciliano Ramos.
Na madrugada do dia 20 de março de 1953, aos 61 anos incompletos, Graciliano Ramos de Oliveira vem a falecer no Rio de Janeiro. O seu corpo foi velado no salão nobre do Palácio Pedro Ernesto, na sede da Câmara Municipal, e sepultado no Cemitério de São João Batista.
Em 1962, o romance Vidas Secas receberia o prêmio William Faulkner Foundation da Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos, tratando-se da primeira obra literária latino-americana publicada por aquela fundação.
Sobre a produção literária do seu pai, Clara Ramos daria o seguinte depoimento ao jornal Correio da Manhã, no dia 27 de outubro de 1973:
A sua criação não era coisa espontânea, não era só inspiração. Era muito transpiração. Um trabalho cuidadoso, organizado. Uma preocupação fora do comum com a forma. Um trabalho lento, detalhado, refeito.
O célebre livro Memórias do cárcere, editado em quatro volumes, também foi lançado em 1973, como uma obra póstuma do autor. Essa obra foi traduzida e publicada em Lisboa (1970) e Paris (1988).
Fontes consultadas:
O DILÚCULO. Viçosa, 24 jun. 1904.
Aos dezoito anos de idade, Graciliano foi morar na rua do Pinga-Fogo (atual rua José Pinto de Barros) em Palmeira dos Índios, no agreste de Alagoas, e trabalhar na loja de tecidos e miudezas de seu pai. No início de 1914, embarcava para o Rio de Janeiro, indo trabalhar nos jornais Correio da Manhã, A Tarde e O Século.
Em 1915, Graciliano casou com Maria Augusta Amorim de Barros e regressou a Palmeira dos Índios. Cinco anos depois, sua esposa viria a morrer no parto, deixando-lhe viúvo e com quatro filhos: Márcio, Júnio, Múcio e Maria Augusta. Felizmente, o escritor pôde contar com a generosidade da irmã Anália que não somente cuidou muito bem dele, como também criou os seus filhos.
Anos depois (em 1928), o escritor se casaria pela segunda vez, desta feita com Heloísa Medeiros. Ele tinha 36 anos e, Heloísa, a metade da sua idade.
Com 430 votos, naquele mesmo ano, Graciliano Ramos era eleito prefeito de Palmeira dos Índios. Foi bastante combatido porque não quis favorecer ninguém. Graciliano tinha muitos projetos - um deles o de construir açudes na zona sertaneja - mas não chegou a concretizá-los. "Para que semear promessas que não sei se darão frutos?", ele se perguntava.
Antes do fim do seu mandato, Graciliano iria comunicar ao Governador Álvaro Paes a sua renúncia ao cargo de prefeito, através de um telegrama lacônico:
Exmo. Governador do Estado - Maceió - Comunico a V. Excia. que hoje renunciei ao cargo de Prefeito deste município. Saudações, Graciliano Ramos.
Quanto à decisão tomada, Graciliano declarou também: Perdi vários amigos, ou indivíduos que possam ter semelhante nome. Não me fizeram falta. Há descontentamento. Se a minha estada na Prefeitura por estes dois anos dependesse de um plebiscito, talvez eu não obtivesse dez votos.
Posteriormente, Graciliano se transferia para Maceió, cidade onde passava a dirigir a Imprensa Oficial. No ano de 1932, ele escrevia a obra intitulada São Bernardo, mas esta só seria publicada em 1934.
O escritor foi nomeado Diretor de Instrução Pública de Alagoas, em 1933, nomeação sobre a qual ele mesmo diria se tratar de "um disparate administrativo que nenhuma revolução poderia justificar". Nesse mesmo ano, sairia em primeira edição o seu romance de estréia intitulado Caetés.
Por motivos de ordem política, sob a acusação de envolvimento em "atividades extremistas", Graciliano Ramos foi demitido e preso no dia 3 de março de 1936. Em um automóvel oficial, o escritor era levado ao quartel do 20º Batalhão de Caçadores.
No dia seguinte, com destino à cidade do Recife, ele embarcava em um trem da Great Western e ficaria recolhido no Forte das Cinco Pontas. De lá, Graciliano foi jogado no porão do navio Manaus, que fez escalas em Maceió e Salvador, com destino ao Rio de Janeiro.
No mesmo ano de sua prisão, seria publicado Angústia, o terceiro romance do escritor. Segundo o seu próprio depoimento, essa obra representava o desenvolvimento do conto Entre grades, de sua autoria, escrito no ano de 1925, do qual ele havia aproveitado o assunto e o tipo de criminoso nele personificado.
Sem um processo penal regular, Graciliano Ramos permaneceu no cárcere até o dia 13 de janeiro de 1937. Nesta data, por decisão unânime do Supremo Tribunal Militar, ele seria colocado em liberdade. Mudou-se, então, para a cidade do Rio de Janeiro, onde passou a se dedicar ao jornalismo e à produção literária.
Em 1938, era publicado o seu quarto, último e mais famoso romance - Vidas secas - sobre a estória de um grupo retirante no Nordeste agrário. A estória seria radiofonizado pela Rádio Globo em 1949, e filmada pelo cineasta Nelson Pereira dos Santos, em 1963.
Tal livro, por sua vez, foi publicado também em diversas cidades do exterior, a exemplo de Buenos Aires (1947), Varsóvia (1950), Praga (1959), Lisboa (1960), Milão (1961), Moscou (1961, edição de 100.000 exemplares), Paris (1962), Havana (1964), Milão (1964), Austin (1965), Berlim (1966), Sofia (1969), Madri (1974), Copenhague (1978), Frankfurt (1981), Haia (1981), entre outras.
Graciliano Ramos tornava-se membro do Partido Comunista Brasileiro em 1945. Sete anos depois, viajaria para às antigas União Soviética e Tcheco-Eslováquia.
Vidas Secas, um romance escrito na primeira pessoa do singular, teve sua origem no conto intitulado Baleia, que Graciliano escrevera em 1937, após a sua saída da prisão, e onde utilizava a lembrança de um cão sacrificado no interior de Pernambuco. Tal conto foi escrito na pensão de dona Elvira, na rua Correia Dutra, no Rio de Janeiro, local onde Graciliano Ramos foi companheiro, também, de Lúcio Rangel, Rubem Braga, Otávio Dias Leite e Barreto Falcão. Cabe registrar que, naquela mesma pensão, durante dois anos, Graciliano viveria com a sua segunda esposa e duas filhas menores de idade: Luiza e Clara. O escritor teria um filho, ainda, com Heloísa: Ricardo.
Graciliano foi também Inspetor Federal de Ensino Secundário, junto ao ginásio que funcionava no Mosteiro de São Bento, no Rio de Janeiro, e escreveria também alguns contos: Dois dedos, Histórias incompletas e Insônia. Quanto às recordações da meninice, ele redigiria o trabalho Infância, em 1945, um compêndio de memórias e confissões que seria publicado em Buenos Aires (1948), Paris (1956), Lisboa (1963) e Londres (1979).
No que diz respeito à literatura infanto-juvenil, Graciliano Ramos deixou as seguintes obras: A terra dos meninos pelados, Histórias de Alexandre, 7 histórias verdadeiras, Alexandre e outros heróis e O estribo de prata.
O romancista alagoano escreveu cinco livros que foram publicados, apenas, depois da sua morte. Eles foram os seguintes: dois livros de crônicas – Linhas tortas e Viventes das Alagoas – um livro de impressões de viagem intitulado Viagem, e um livro de cartas - Cartas/Graciliano Ramos.
Na madrugada do dia 20 de março de 1953, aos 61 anos incompletos, Graciliano Ramos de Oliveira vem a falecer no Rio de Janeiro. O seu corpo foi velado no salão nobre do Palácio Pedro Ernesto, na sede da Câmara Municipal, e sepultado no Cemitério de São João Batista.
Em 1962, o romance Vidas Secas receberia o prêmio William Faulkner Foundation da Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos, tratando-se da primeira obra literária latino-americana publicada por aquela fundação.
Sobre a produção literária do seu pai, Clara Ramos daria o seguinte depoimento ao jornal Correio da Manhã, no dia 27 de outubro de 1973:
A sua criação não era coisa espontânea, não era só inspiração. Era muito transpiração. Um trabalho cuidadoso, organizado. Uma preocupação fora do comum com a forma. Um trabalho lento, detalhado, refeito.
O célebre livro Memórias do cárcere, editado em quatro volumes, também foi lançado em 1973, como uma obra póstuma do autor. Essa obra foi traduzida e publicada em Lisboa (1970) e Paris (1988).
Fontes consultadas:
BRAYER, Sônia (Org.). Graciliano Ramos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; Brasília: INL, 1977.
GRACILIANO Ramos (foto). Disponível em:
GUIMARÃES, J. Ubireval Alencar. Graciliano Ramos e a fala das memórias. Maceió: Ediculte/Seculte, 1987.
LIMA, Valdemar de Souza. Graciliano Ramos em Palmeira dos Índios. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; Brasília: INL, 1980.
SANT’ANA, Moacir Medeiros de. Graciliano Ramos (achegas bibliográficas). Maceió: Arquivo Público de Alagoas; SENEC, 1973.
SANT’ANA, Moacir Medeiros de. Graciliano Ramos: vida e obra. Maceió: Secretaria de Comunicação Social, 1992.
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