segunda-feira, 18 de maio de 2009

AEROPORTO INTERNACIONAL DOS GUARARAPES/GILBERTO FREYRE

AEROPORTO INTERNACIONAL DOS GUARARAPES /GILBERTO FREYRE

Semira Adler Vainsencher
semiraadler@gmail.com
Pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco


Os primeiros campos de pouso do Aeroporto dos Guararapes foram construídos nas terras que pertenceram ao antigo Engenho Ibura. Este, no século XIX, ao ficar de "fogo morto" (quando pára de moer), deu origem a uma povoação no sul do Recife que cresceu e transformou-se em um subúrbio.

O nome Guararapes adveio do fato de que os campos de pouso ficavam junto às encostas dos montes dos Guararapes, região onde foram travadas as duas batalhas decisivas da Insurreição Pernambucana. Nas referidas batalhas, cabe lembrar, os holandeses foram derrotados pelas tropas brasileiras chefiadas por Fernandes Vieira, Henrique Dias, Vidal de Negreiros, Filipe Camarão e Antônio da Silva.

Situado hoje na Praça Ministro Salgado Filho, no bairro da Imbiribeira, o Aeroporto Internacional dos Guararapes teve a sua construção iniciada em 1950, durante o governo do Presidente Eurico Gaspar Dutra. Foi inaugurado, contudo, no dia 18 de janeiro de 1958, pelo presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira.

No aeroporto, vale a pena se admirar os três murais do pintor Lula Cardoso Ayres, retratando as paisagens, os costumes e o folclore do Nordeste do Brasil. Os murais mostram homens e mulheres trabalhando em um canavial; outros colhendo café e algodão; apresentam os sertanejos, a caatinga e os bonecos de barro; a rainha e o séquito do maracatu, as figuras do bumba-meu-boi e os caboclinhos. No restaurante, situado no primeiro andar, observa-se outro grande painel do autor evidenciando peixes, aves e carnes, comidas e bebidas.

Embora um pouco escondido, há um trabalho de Francisco Brennand em cerâmica, retratando cenas da zona rural nordestina: gado, plantas e frutas, animais domésticos tais como cachorros e patos, mulheres dançando, homens tocando instrumentos e crianças brincando.

Os painéis de Lula Cardoso Ayres e Francisco Brennand documentaram quatro séculos da civilização nordestina, em suas belas cores e formas. Existe, ainda, um painel em azulejo, de autoria de Paulo Leite, sobre o pai e a história da aviação - Santos Dumont.

No aeroporto, há uma placa onde se lê:

A 17 de junho de 1966 aterrou neste aeroporto, em escala extraordinária, o quadrimotor "Santa Cruz" Boing 707-320 B, da TAP (Transportes Aéreos Portugueses) no vôo inaugural de Lisboa para o Rio de Janeiro, termo da primeira travessia aérea do Atlântico Sul pelos heróicos aviadores Gago Coutinho e Sacadura Cabral a 17 de junho de 1922.

Uma outra placa registra um evento trágico ocorrido no aeroporto:

Homenagem da cidade do Recife aos que tombaram neste Aeroporto dos Guararapes, no dia 25 de julho de 1966, vitimados pela insensatez de seus semelhantes:

Almirante Nelson Fernandes
Jornalista Edson Régis.

Glorificados pelo sacrifício, seus nomes serão sempre lembrados, recordando aos pósteros o violento e trágico atentado terrorista, praticado à sorrelfa pelos inimigos da Pátria. Recife, 25 de julho de 1967. Um pensamento que se lhes dedique valerá por um preito de saudade.

Com a promulgação da Lei no. 10.361, em 27 de dezembro de 2001, durante a gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o Aeroporto Internacional dos Guararapes passou a se chamar Aeroporto Internacional dos Guararapes/Gilberto Freyre, uma homenagem prestada pelo Governo ao sociólogo e antropólogo pernambucano.

Nos últimos anos, com o aumento da demanda e a grande evolução dos serviços aeroportuários em toda a parte, o aeroporto necessitou passar por grandes mudanças, e suas instalações foram ampliadas e modernizadas.

Após o término das obras, o aeroporto conta com um novo terminal de passageiros, um edifício-garagem (em estilo pós-moderno, lembrando a armação de um circo), com vagas para estacionar 2.020 veículos. Tem suas pistas de pouso e decolagem ampliadas, e conta com uma área construída de 42 mil m2. Do novo terminal sairá, também, uma passarela rolante coberta, com 500m de extensão, que irá até a estação do metrô.

Com os trabalhos concluídos, o Aeroporto Internacional dos Guararapes/ Gilberto Freyre – hoje, o maior do Norte e Nordeste do Brasil - tem capacidade para receber 5 milhões de passageiros por ano.


Fontes consultadas:

FRANCA, Rubem. Monumentos do Recife. Recife: Secretaria de Educação e Cultura, 1977.

OLIVEIRA, César Cavalcanti de. Aeroporto Internacional dos Guararapes: considerações sobre sua expansão e modernização. Revista Pernambucana de Desenvolvimento, Recife, v. 5, n. 1, p. 43-76, jan./jun. 1978.

ROCHA, Tadeu. Roteiros do Recife. Recife: Mousinho, 1959.

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