FAROL PREGUIÇAS (Maranhão)
Semira Adler Vainsencher
Pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco
Desde sempre, no litoral do Estado do Maranhão, os experientes pescadores sabiam que o mar era muito perigoso e, o seu fundo, bastante irregular, podendo variar de 3 a 30 metros de profundidade. Descobrindo os segredos das marés, eles penetravam na barra durante a maré cheia, deixavam os barcos encalharem na areia, realizavam as suas atividades, e só retornavam quando a maré voltava a subir.
Neste sentido, havia uma grande demanda para a existência de um farol. Construiu-se, então, o Farol Preguiças, no povoado de Mandacaru (MA), que se situava a 24 milhas (uma milha náutica = 1852 metros) ao norte do porto de Tutóia, em um local onde os recifes se estendiam a até três milhas da costa.
Nessa região, as pessoas extraiam da palmeira do buriti, bem como da pesca, a maior parte da renda para a sua sobrevivência. Aquele farol sinalizava a barra do rio Preguiças, cujo tráfego de embarcações regionais, provenientes de São Luís e de Tutóia, se apresentava muito intenso.
A primeira torre do Farol Preguiças, com 28 metros de altura, possuía um aparelho lenticular de 3ª ordem, contendo um equipamento luminoso a gás acetileno, proveniente da empresa canadense Wilson. Isto representava uma novidade para a época, sendo o farol um dos pioneiros no País a receber um equipamento de tamanha qualidade.
Com o passar do tempo, porém, a sua estrutura ficou extremamente corroída, correndo um alto risco de desabamento. Foi erigida, então, uma nova torre de concreto, com um projeto arquitetônico idêntico ao utilizado no Farol Mostardas, no Rio Grande do Sul, e que atingiu 35m de altura, sete metros a mais que a torre anterior.
No decorrer da obra, o transporte do material ficou tão difícil, que se fez necessária a presença do navio faroleiro Vital de Oliveira para trazer toda a madeira, brita, ferragens e cimento que seriam utilizados nos trabalhos. Quando a construção ficou pronta, ela recebeu o aparelho lenticular presente no antigo farol, além de um elevador manual com capacidade para transportar até duas pessoas ao seu topo.
O Farol Preguiças possui uma pesada lente, cujo diâmetro tem 1,15 metros. Para se abrir o sistema, é preciso contar com o auxílio de uma maçaneta. Hoje, aquela fonte luminosa faz parte do rol dos duzentos faróis existentes no País, possuindo um alcance superior a 10 milhas náuticas.
Fonte consultada:
SIQUEIRA, Ricardo. Luzes do novo mundo; história dos faróis brasileiros. Rio de Janeiro: O Autor, 2002.
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