segunda-feira, 18 de maio de 2009

FAROL ROCAS, RN

FAROL ROCAS (Rio Grande do Norte)
Semira Adler Vainsencher
Pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco

Antes de se discorrer sobre o Farol Rocas, caberia discorrer um pouco sobre o atol das Rocas - um recife de coral circular, situado no Estado do Rio Grande do Norte, com cerca de dois quilômetros de diâmetro – levando-se em conta que, após a descoberta do Brasil, a sua história esteve permeada por muitos acidentes marítimos.

O primeiro deles ocorreu em 1503, por ocasião do naufrágio de um navio português. E, ao longo dos anos, uma série de outros acidentes ocorreu. Em 1805, por exemplo, naufragaram os navios HMS Britannia e HMS King George, integrantes de uma força-tarefa britânica.

Uma outra tragédia envolveu o navio mercante Mercurius. De acordo com os relatos obtidos, os seus tripulantes (em número de 22) passaram no atol 51 dias com fome e sede, e apenas 6 pessoas sobreviveram.

Sabe-se que, em torno do atol das Rocas, existem destroços de 18 navios que naufragaram no passado. Por isso, desde o ano de 1852, havia inúmeras demandas por uma sinalização náutica naquele atol.

A Marinha, contudo, só tomou a iniciativa a partir de 1881, quando mandou uma expedição ao local, com alguns objetivos: o de empreender sondagens geológicas e reconhecer o lugar, bem como o de edificar os alicerces de uma torre metálica, com 48 metros de altura, que já havia sido encomendada previamente.

O projeto inicial, porém, não conseguiu ir muito adiante. Alegando que o local não lhe inspirava confiança, um dos engenheiros manifestou-se contra a referida construção. Tal parecer foi encampado pelo Diretor Geral de Faróis e, consequentemente, as obras tiveram de ser abandonadas.

A despeito do fato, no dia 1º de janeiro de 1883, em cima de um poste de madeira com 14 metros de altura, acendeu-se uma lanterna com luz fixa branca. E essa luz jamais foi extinta.

Na segunda década do século XX, o poste de madeira foi substituído por um de ferro, com 16 metros de altura, tendo sobre ele uma lanterna a gás acetileno do sistema canadense Wilson. Naquela época, vale ressaltar, esse gás era produzido pela mistura de carbureto de cálcio com água salgada, no próprio atol das Rocas.

O Farol Rocas foi automatizado em 1914, tendo adquirido uma torre de treliça de ferro, assim como uma lanterna AGA, contendo válvula solar. Apesar dos avanços tecnológicos, a viagem até o farol, a reposição de 12 acumuladores de acetileno, e o desembarque no atol, ainda demandavam muitos esforços e requeriam cuidados.

No ano de 1935, a Marinha construiu uma torre de concreto armado (com 16 metros de altura), em substituição à de treliça de ferro. Cerca de três décadas depois, pelo fato de a maresia ter corroído as suas ferragens, uma torre de alumínio (um pouco menor em altura) substituiu a de concreto armado. Finalmente, em 1986, o Farol Rocas adquiriu painéis solares e um banco de baterias fotovoltaicas.


Fonte consultada:

SIQUEIRA, Ricardo. Luzes do novo mundo; história dos faróis brasileiros/fotos Ricardo Siqueira; texto: Ney Dantas. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2002.

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